domingo, 4 de dezembro de 2011

Bicharada


Sou amiga do gato, do cachorro e do papagaio. Quando o papagaio cisma que é mais meu amigo do que os demais, dana-se a prognosticar que devo ser assim também. Quando o cachorro briga com o gato, quer que eu brigue também. No meio da bicharada, eu como macaca velha, sei que todas as águas um dia sempre passam debaixo das pontes, ou se evaporam e se juntam formando nuvens no céu, ou deságuam e se encontram nas ondas do mar.

sábado, 13 de agosto de 2011

Transgredir e transcender


Tuas mãos conversam com minha pele e atiram no lixo meu SER.
Teus lábios me dizem ‘verdades’ desmentidas pelo teu olhar.
Teu gesto constrói falsas pontes e verdadeiras muralhas que só aumentam o abismo da desigualdade entre nós.
Na solidão resisto, reconstruo meu SER na ressignificação do lixo.
Na história busco a verdades transcendentes a nós e às nossas ilusões.
No gesto detono muralhas, mapeio trilhas inéditas, construo barcos para a travessia.
Mas tudo isso não basta. Constrói-se apenas como uma diferença nas mazelas do turbilhão de desigualdades.
Reconheço: justiça é uma utopia no mundo dos humanos.    
Transcendo para a justiça de além.
Concluo: melhor que transgredir a ordem dada é transcender a injustiça instalada.         

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Carreira Solo

Estive na última sexta-feira em um encontro intitulado: conversa com Marina Silva. Calada estava, calada fiquei. Cansaço emocional conjuntural. Gostei do nível elevado da conversa que assisti. Marina sempre isnpirada, iluminadíssima. O Toinho sempre provocando com suas leituras incomuns da realidade. A conversa foi se afunilando para o que fazer (ou ser?). Faz  alguns anos que, depois de ter feito um alto investimento em contruções coletivas, constatei a apropriação indevida, por alguns, do bem resultante do suor de muitos(as). Me senti lesada e então decidi seguir uma carreira solo. Hoje meu grupo é a sociedade em geral. Sabem aquela brincadeira de crianças(quem tem põe/quem não tem tira)? É alguma coisa parecida que faço, nos lugares por onde circulo. E assim vou caminhando, às vezes com pressa, às vezes devagar. A maturidade traz dessas coisas pra vida da gente.           

domingo, 31 de julho de 2011

O conhecimento

O conhecimento caminha lento feito lagarta.

Primeiro não sabe que sabe e voraz contenta-se com o cotidiano orvalho deixado nas folhas vividas das manhãs.

Depois pensa que sabe e se fecha em si mesmo.Faz muralhas, cava trincheiras ergue barricadas. Defendendo o que pensa saber, levanta certeza na forma de muro orgulhando-se de seu casulo.

Até que maduro explode em vôos rindo do tempo que imaginava saber ou guardava preso o que sabia. Voa alto sua ousadia reconhecendo o suor dos séculos no orvalho de cada dia.

Mesmo o mais belo vôo descobre um dia não ser eterno.É tempo de acasalar, voltar a terra com seus ovos à espera de novas e mosaicas lagartas.

O conhecimento é assim, ri de si mesmo e de suas certezas.

É meta da forma

Metamorfose

Movimento

Fluir do tempo que tanto cria como arrasa a nos mostrar que para o vôo é preciso tanto o casulo como a asa.

Mauro Iasi

sábado, 16 de julho de 2011

A delicadeza

...não é sinônimo de afeminamento. É elevação ética e moral. Consciência refinada pelo saber. Pró-atividade. Generosidade e gentileza nas relações(politicas de convivência). Inteligência e habilidade pra lidar com a alteridade e a diferença. Sensibilidade.Amor.

Um gesto

...um gesto pressupõe intenções, ações, atitudes, palavras,pensamentos, sentimentos.

O que quero

  Quero o primor construído pela delicadeza do gesto.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Marcha das Vadias no Rio de Janeiro – Por que marchamos?

Carta Manifesto

No Rio de Janeiro, marchamos porque apenas nos primeiros três meses desse

ano foram 1.246 casos registrados de mulheres e meninas estupradas, uma

média de quatorze mulheres e meninas estupradas por dia, e sabemos que

ainda há várias mulheres e meninas abusadas cujos casos desconhecemos;

marchamos porque muitas de nós dependemos do precário sistema de

transporte público do Rio de Janeiro, que nos obriga a andar longas

distâncias sem qualquer segurança ou iluminação para proteger as várias

mulheres e meninas que são violentadas ao longo desses caminhos;

marchamos porque foi preciso a criação de vagões femininos no trem e no

metrô para que não fossemos sexualmente assediadas durante o uso desses

transportes.

No  Brasil, marchamos porque aproximadamente 15 mil mulheres são estupradas

por ano, e mesmo assim nossa sociedade acha graça quando um humorista

faz piada sobre estupro, chegando ao cúmulo de dizer que homens que

estupram mulheres feias não merecem cadeia, mas um abraço; marchamos

porque nos colocam rebolativas e caladas como mero pano de fundo em

programas de TV nas tardes de domingo e utilizam nossa imagem semi-nua

para vender cerveja, vendendo a nós mesmas como mero objeto de prazer e

consumo dos homens; marchamos porque vivemos em uma cultura patriarcal

que aciona diversos dispositivos para reprimir a sexualidade da mulher,

nos dividindo em “santas” e “putas”, e muitas mulheres que denunciam

estupro são acusadas de terem procurado a violência pela forma como se

comportam ou pela forma como estavam vestidas; marchamos porque a mesma

sociedade que explora a publicização de nossos corpos voltada ao prazer

masculino se escandaliza quando mostramos o seio em público para

amamentar nossas filhas e filhos; marchamos porque durante séculos as

mulheres negras escravizadas foram estupradas pelos senhores, porque

hoje empregadas domésticas são estupradas pelos patrões e porque todas

as mulheres, de todas as idades e classes sociais, sofreram ou sofrerão

algum tipo de violência ao longo da vida, seja simbólica, psicológica,

física ou sexual.

No mundo, marchamos porque desde muito novas somos ensinadas a sentir

culpa e vergonha pela expressão de nossa sexualidade e a temer que

homens invadam nossos corpos sem o nosso consentimento; marchamos porque

muitas de nós somos responsabilizadas pela possibilidade de sermos

estupradas, quando são os homens que deveriam ser ensinados a não

estuprar; marchamos porque mulheres lésbicas de vários países sofrem o

chamado “estupro corretivo” por parte de homens que se acham no direito

de puni-las para corrigir o que consideram um desvio sexual; marchamos

porque ontem um pai abusou sexualmente de uma filha, porque hoje um

marido violentou a esposa e, nesse momento, várias mulheres e meninas

estão tendo seus corpos invadidos por homens aos quais elas não deram

permissão para fazê-lo, e todas choramos porque sentimos que não podemos

fazer nada por nossas irmãs agredidas e mortas diariamente. Mas

podemos.

Já fomos chamadas de vadias porque usamos roupas curtas, já fomos chamadas

de vadias porque transamos antes do casamento, já fomos chamadas de

vadias por simplesmente dizer “não” a um homem, já fomos chamadas de

vadias porque levantamos o tom de voz em uma discussão, já fomos

chamadas de vadias porque andamos sozinhas à noite e fomos estupradas,

já fomos chamadas de vadias porque ficamos bêbadas e sofremos estupro

enquanto estávamos inconscientes, por um ou vários homens ao mesmo

tempo, já fomos chamadas de vadias quando torturadas e curradas durante a

Ditadura Militar. Já fomos e somos diariamente chamadas de vadias

apenas porque somos MULHERES.

Mas, hoje, marchamos para dizer que não aceitaremos palavras e ações

utilizadas para nos agredir enquanto mulheres. Se, na nossa sociedade

machista, algumas são consideradas vadias, TODAS NÓS SOMOS VADIAS. E

somos todas santas, e somos todas fortes, e somos todas livres! Somos

livres de rótulos, de estereótipos e de qualquer tentativa de opressão masculina à nossa vida,

à nossa sexualidade e aos nossos corpos.

Estar no comando de nossa vida sexual não significa que estamos nos abrindo

para uma expectativa de violência, e por isso somos solidárias a todas

as mulheres estupradas em qualquer circunstância, porque tiveram seus

corpos invadidos, porque foram agredidas e humilhadas, tiveram sua

dignidade destroçada e muitas vezes foram culpadas por isso. O direito a

uma vida livre de violência é um dos direitos mais básicos de toda

mulher, e é pela garantia desse direito fundamental que marchamos hoje e

marcharemos até que todas sejamos livres.



Somos todas as mulheres do mundo! Mães, filhas,

avós, putas, santas, vadias…todas merecemos respeito!

Para ver mais:
http://marchadasvadiasrio.blogspot.com/

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Hoje

"Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver."
                                                                 (Tenzin Gyatso, 14º Dalai Lama)



segunda-feira, 13 de junho de 2011

Eu também vou....


São tantas as razões pra ir.
Da conciência e do coração.
Estruturais e conjunturais.
Politicas e poéticas.
Particulares , individuais e coletivas.
Por mim, por eles, por elas, por nós que aqui estamos, pelos que já se foram e os que virão. 

Quem ainda não se inspirou, dê uma olhadinha nessas noticias e com certeza encontrará um bom motivo pra ir também:

http://altino.blogspot.com/2011/06/epm-experts.html

http://www.ac24horas.com/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=18452:que-filme-e-este-que-chocou-parlamentares-da-aleac&catid=13:acre&Itemid=112

http://www.clam.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UserActiveTemplate=_BR&infoid=8204&sid=4


http://www.youtube.com/watch?v=mdY64TdriJk&feature=player_embedded

http://danielzendoacre.blogspot.com/2011/06/polemica-sobre-o-kit-anti-homofobia-no.html

http://cineclubeopinioes.blogspot.com/2011/06/carta-de-repudio.html

Não somos uma organização. Não somos um partido. Não somos virtuais.


Somos uma rede. Somos REAIS. Conectados, abertos, interdependentes, transversais, digitais e de carne e osso.

Não temos cartilhas. Não temos armas, nem ódio.

Não respondemos à autoridades reacionárias. Respondemos aos nossos sonhos, nossas consciências e corações.

Temos poucas certezas. E uma crença: de que a liberdade é uma obra em eterna construção.

E que a liberdade de expressão é o chão onde todas as outras liberdades serão erguidas.

De credo, de assembléia, de amor, de posições políticas, de expressão cultural, de orientações sexuais, de cognição, de ir e vir... e de resistir. E é por isso que convocamos qualquer um que tenha uma razão para marchar, que se junte a nós para a primeira  Marcha da Liberdade de Expressão e Direitos Humanos.

Estudantes e professores... marchem pela qualidade da educação, ambientalistas... gritem pelas florestas, artistas de rua... tragam instrumentos, vegetarianos... falem em nome dos animais, gays... tragam sua bandeira do arco-íris, devotos de crenças diversas... compartilhem seus ideais, filósofos... dividam seus pensamentos. Venham todos, a pé, de bicicleta, de skate, patins, perna de pau... como quiserem. Somos todos cadeirantes, pedestres, motoristas, estudantes, trabalhadores! Somos todos idosos, negros, travestis, indígenas, seringueiros... Somos todos nordestinos, nortistas, brasileiros, bolivianos, peruanos, acreanos, cidadãos e... Somos livres!

Em casa, somos poucos.

Juntos, somos todos. E essa cidade é nossa!

"...Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda..."     Cecília Meireles

Saída às 9 horas, sábado, dia 18 de junho de 2011 em frente do Sebrae na Rua Rio Grande do Sul - Centro .



domingo, 5 de junho de 2011

Aforismos


Os escritores e poetas criam aforismos. Eu também crio os meus:

Liberdade não é fazer o que se quer, mas o que não nos escraviza.

Democracia é uma utopia.

Entre ser socialista ou capitalista, social-democrata ou neo-liberal, comunista ou fascista melhor ser poeta.

Para Marx a luta de classes é motor da história, para mim, se existe um motor único é o amor.


Eu e o Mundo


Eu estava lendo um texto do livro: “Linguagem e educação depois de Babel” de Jorge Larrosa da parte intitulada Ensaios Eróticos – Experiência e paixão. O autor começa o texto com uma citação de Franz Kafka que diz: “No combate entre você e o mundo, prefira o mundo.” Quando o professor começou sua defesa da idéia de Kafka nada me ocorreu, mas depois começou a brotar em minha mente outro texto: Entre eu e o mundo prefiro o conflito.  A priori parece estranho. Pareceu-me incomodo pensar nessa preferência ao conflito. Logo eu que sempre me interessei tanto pela paz. Durante toda minha vida ‘movi montanhas’ para alcançá-la. Já abordei esse tema outra vez aqui no blog. Mas acredito que não fui muito clara onde queria chegar. E hoje com essa frase consegui aprofundar um pouco o assunto para mim e quero compartilhar aqui. Quando penso um pouco mais no assunto percebo que a pacificação muitas vezes realizada não passa de uma negação das diferenças por sermos incapazes de lidar com elas, de aceita-las. Isso, portanto, não é a paz, mas a negação dela. Por isso que parto agora em defesa do conflito como o caminho necessário para construí-la. Quando defendemos o direito a diferença, quando valorizamos a diferença é quase inevitável que ocorram conflitos. Os conflitos passam a ser apaziguados quando descobrimos a riqueza extraordinária da diferença. Mas a diferença nos faz solitários numa certa medida.  E isso assusta. Queremos ser iguais para nos sentirmos pertencendo então deixamos nossas diferenças esquecidas, as negamos e aliviamos nossa sensação de solidão. Mas então vem a maturidade (não a dos anos, mas a dos processos) e só então encontramos a tão buscada paz dos encontros entre os diferentes. 

domingo, 22 de maio de 2011

Arraiá



Este ano vai ter arraial no Alto Santo. A casa de Mestre Irineu e Madrinha Peregrina vai mais uma vez reunir toda a comunidade em três dias de festa. Como nos bons tempos antigos vai ter quadrilha, comida, brincadeira, bingo, leilão, todas as atrações de um arraial tradicional, além de novas atrações artísticas e shows de música.
 
O Arraiá do Alto Santo acontece nos dias 27, 28 e 29 de Maio. Mas todos terão que andar dentro da lei: uma “puliça” vai prender e multar quem jogar lixo no chão ou fizer qualquer coisa que atrapalhe a festa. E a “rádio cipó” vai dar notícias de tudo o que acontece, além de músicas, mensagens, correio elegante, avisos e anúncios em geral.
 
Todo o dinheiro que for arrecadado durante os três dias de arraial será utilizado em reformas na sede do Centro do Alto Santo. O trabalho está a todo vapor para erguer as bases dessa cidade caipira e contamos com o seu apoio nessa empreitada.
  
Avise, convide todos os seus amigos e já marque em sua agenda nosso Arraiá.

Jogo da vida

    Algumas vezes na vida  nada mais resta do que escolher entre construir discursos e representações apostando na iniquidade ou  resistindo a ela.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Amores concretos

Me joga no chão
Me pisa
me chama de concreto amado.

(PS. Alguém já disse isso?? Não?!! Se não disse deveria ter dito).

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Diálogos e monólogos

Ouço com o nariz.
Vejo com as mãos.
Sinto com os olhos,
a cor da vida.
Ou seria o contrário?
Ouço com as mãos
vejo com o nariz
escuto com os olhos...
Estou aqui conversando sobre esses assuntos com Pêcheux, Baktin, Foucault...dentre outros enfileiradores de letrinhas do século passado na disciplina Discursos, sujeitos e identidades do Mestrado Identidade, linguagem e letras.
Algumas conclusões:
Pra fazer AD (análise do discurso) precisa fazer DR (discussão da relação entre os sujeitos).
Monólogos é mera ilusão. Todos eles são respostas à algum discurso anterior. E quando os percebemos como monólogos já os estamos decodificando, atribuindo sentidos, dialogando.  

sábado, 26 de março de 2011

Lembrança

...é o lugar que resta de um tempo que já se foi e de um espaço modificado.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Ensinos e desensinos

      Começaram as aulas do mestrado. Quando fui fazer a matricula (três semanas atrás) um acontecimento simples foi muito significativo para mim e portanto merece registro. Enquanto eu esperava o ônibus na parada da UFAC, um senhor sentou-se ao meu lado. Comentou sobre o calor. Respondi comentando que estavamos em periodo de mudança de lua e provavelmente choveria (não entendo muito sobre a influência da lua no tempo, mas cresci ouvindo meus pais falarem disso e às vezes arrisco alguns palpites baseada na intuição). Então, ele disse: - Quando eu morava no seringal eu sabia tudo sobre a mudança de lua, mas quando vim trabalhar na Universidade esqueci  todos esses conhecimentos. Perguntei quanto tempo ele trabalhava lá e ele respondeu: - Faz mais de trinta anos e lembro de você, quando estudou aqui. E completou: -Você não mudou nada.
        Fiquei pensando...como uma instituição que deve promover o conhecimento é responsável por danos como esse?? - Que contradição!!!
        Sei que devo estar alerta à tudo isso pois não quero ser mais uma aumentando a contradição.   

 

terça-feira, 22 de março de 2011

El amor después del amor


El tiempo vendrá
cuando, con gran alegría,
tú saludarás al tú mismo que llega
a tu puerta, en tu espejo,
y cada uno sonreirá a la bienvenida del otro,
y dirá, siéntate aquí. Come.
Seguirás amando al extraño que fue tú mismo.
Ofrece vino. Ofrece pan. Devuelve tu amor
a ti mismo, al extraño que te amó
toda tu vida, a quien no has conocido
para conocer a otro corazón,
que te conoce de memoria.
Recoge las cartas del escritorio,
las fotografías, las desesperadas líneas,
despega tu imagen del espejo.
Siéntate. Celebra tu vida.

                     Derek Welcott
           ver mais em: http://amediavoz.com/walcott.htm                 

sexta-feira, 18 de março de 2011

Dor da saudade

Nasce de uma tensão,
Na luta contra um muro que não existe,
Pra voltar à um tempo e um lugar
Que também já não existem mais.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Mais coisas de amor

Adélia Prado em sua sabedoria poética nos diz...

"Amor violeta


O amor me fere é debaixo do braço,

de um vão entre as costelas.

Atinge meu coração é por esta via inclinada.

Eu ponho o amor no pilão com cinza

e grão de roxo e soco. Macero ele,

faço dele cataplasma

e ponho sobre a ferida."

 
Diz também...
 
"Confeito

Quero comer bolo de noiva,

puro açúcar, puro amor carnal

disfarçado de corações e sininhos:

um branco, outro cor-de-rosa,

um branco, outro cor-de-rosa."

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Amor: questões ontológicas.

  Às vezes penso em propor uma reforma gramatical.
  Nela o  verbo amar jamais seria conjugado no pretérito.Não faz sentido conjuga-lo assim. É incoerente com a natureza do amor.É próprio do amor ser eterno, quando não é assim pode ser qualquer outra coisa menos amor. O amor portanto é sempre um eterno presente.
  Uma das regras seria que o amor jamais pode ser acompanhado de adjetivos. Por exemplo: amor carnal  ou amor físico - isso não existe. Se você ama somente a carne (físico) de alguém é porque não o ama de fato. Amar alguém é uma forma de perceber que existe um ser que dá vida ao carnal. Se não se percebe isso não é amor.
  O amor incondicional por exemplo é outra forma de considerar que existe um mercado, um toma lá dá cá que muitos chamam de amor. É próprio da natureza do amor ser sem condições, sem 'se' e senões.
  Não posso dizer que nunca me enganei com essas regras. Que elas sempre foram claras para mim. Se dissesse isso estaria a mentir.
  Foi pelos caminhos sofridos do coração que concebi essa reforma.
  E hoje sei bem o que estou a dizer e posso comprovar cada uma dessas leis de amor. 

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Oração ao sol ou Gayatri

Sol, vós que sois a fonte de todo poder,
cujos raios iluminam o mundo inteiro,
iluminai igualmente o meu coração
para que também ele possa fazer a vossa obra.


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Parabéns Marina!!!

    Quando eu estava concluido a pós-graduação em psicopedagogia tive que a escrever um artigo científico junto com minha equipe. Decidimos que o nosso tema seria sobre as dificuldades de escrita e leitura.
    Enquanto pesquisava o assunto me dei conta que nós também tinhamos as dificuldades que estudavamos nas crianças e então decidi  criar este blog pra exercitar e melhorar minhas habilidades.
     Desde então venho buscado a melhor maneira de contar histórias. Às vezes flui bem, mas às vezes fica tudo travado.
    Recebi recentemente um convite do Movimento Marina Silva do qual faço parte pedindo: Então, vamos contar nossas histórias, a sua história?
     Pensei em como começar? O que dizer? ...São tantas coisas que se passaram...
     Agora, chegando o aniversário dela resolvi fazer um esforço pra presentea-la com alguma história.
     Tentei lembrar de quando nos conhecemos. Não consegui. As primeiras lembranças foram de quando ela ainda morava na Cidade Nova(bairro de Rio Branco/Ac). Eu integrava o DCE(Diretório Central dos Estudantes) da UFAC(Universidade Federal do Acre) na gestão em que o Fábio(atual esposo de Marina) era presidente. Eles começavam o namoro e eu ajudava o cupido algumas vezes.
       Naquele tempo colegas de militância era 'meio que' família.Dividiamos sonhos, inquietações, tarefas, idéias, comida, lazer, preocupações, decisões...
       As campanhas era um trabalho árduo e artesanal, desde a construção de bons argumentos pra convencer eleitores até a confecção de placas e panfletos. Os argumentos pra convencer os eleitores deviam  falar das qualidades da candidata e nunca dos defeitos do adversário. Uma arte difícil na politica. Devia defender uma sociedade de justiça para todos e não só criticar os governantes e seus malfeitos. Uma crítica deveria ser sempre bem fundamentada, etc..
       Quando ela se elegeu vereadora (1988), o PT não tinha quase nenhuma expressão na institucionalidade local. Sua atividade principal era na organização de movimentos sociais.      
       Ela virou a politica de cabeça pra baixo e lá se foi abrindo as portas pra muitas das conquistas que fizemos nesse espaço.
       Tricotavamos sobre nossa  condição feminina, nossa espiritualidade, idéias e conceitos,  sobre a vida e o projeto politico.
       Marina sempre me inspirou muito com sua ética amorosa, sua visão profunda e comprometida e sua prática responsável.
       Sua saúde sempre era preocupante. Procuravamos alternativas à medicina tradicional. Pais de santos e rezadores (às vezes às escondidas de nossos companheiros incrédulos). Videntes, cristais, remédios não alopáticos, alimentação, etc...
       Depois ela tornou-se Senadora e Ministra e eu fui ficando por aqui sempre torcendo por ela e admirando seu desempenho.
       Quando começaram a falar de Marina Presidente, lá no fundinho me sentia feliz por ela ser lembrada, mas pensava vai ser doído e ela não merece passar por isso, não é justo.
       Sonhava que o PT debatesse seu nome e com isso qualificasse o debate interno. Mas não era só a amizade por ela que alimentava esse desejo. Era a insatisfação com  os rumos que o projeto plolitico do PT vinha (e vem) tomando. Muitas ações entrando em choque com a árdua tarefa de construção e defesa de valores éticos. A compreeensão de que as bandeiras tão caras como a erradicação da pobreza, não combinam com as estratégias politicas do PT. No meu entendimento, pra erradicar a pobreza, é necessário romper com esse 'nacionalismo' da elite  brasileira. Coisa que o PT não faz mais. É preciso olhar a nossa história de país colonizado e entender que, pior do que a ditadura militar é a ditadura do colonizador(adotada pela elite nacionalista brasileira e hoje defendida pelo PT). Essa ditadura defende uma economia monocultora e não busca uma economia baseada numa relação harmoniosa com a natureza biodiversa.  Não entende que a erradicação da pobreza passa pela valorização de uma tradicão milenar que promove a diversidade sócio-étnica-cultural e sempre manteve uma relação harmoniosa com a natureza.O PT hoje defende hegemonias. Isso entra em choque direto com essa tradição.
       Mas o debate interno do PT não aconteceu. Achei carência de democracia. Lamentei.
       Recebi convite pra integrar o Movimento Marina Presidente. Todas às vezes que pensava minha cabeça doía, a tensão e o estresse crescia. Mas não era justo pressiona-la, dar à ela mais essa tarefa tão pesada. Resistia. Voltava a me indignar com o PT. Quando ela decidiu aceitar eu entrei no Movimento, mas já não era com a mesma garra daqueles tempos primeiros. A apatia gerada por tantas decepções, pelo sofrimento dela quando saiu do PT... a tensão com os 'companheiros', ...elaborar tudo isso consumia muito da minha energia.
       Mas ela foi lá, fez bonito como já era esperado, reacendeu a capacidade de sonhar e ajudou a construir algumas coisas pra serem ditas às crianças e aos jovens. Disse algumas coisas que andavam entaladas na garganta, qualificou o debate e abriu novas perpectivas para a politica.
      Valeu Marina!! Que este seu aniversário se repita ainda por muitos e muitos anos. Parabéns.   
    

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Manhãs livres

   Gosto das manhãs quando o mundo ainda dorme acalentado nos braços de mamãe.
   São livres as manhãs.
   Devagar quando os olhos,  janelas e portas vão se abrindo, cercas e muros vão se erguendo até onde as vistas alcançam.
   Nos conflitos que são travados a liberdade vira moeda de troca.

   Os espaços demarcados levantam poeira e já não deixam o ar puro.
   No entardecer a exaustão empurra todos pra escuridão de linhas divisórias.
   Nos macios lençois busca-se o conforto para as dores do corpo e da alma.
   Nas madrugadas perambulo ao seu encontro e encontro eu mesma.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Eu e eu, Mentiras & verdades, O amor...

Eu e eu
 
Erga o eu através do Eu
E não deixe o  eu esmorecer,
Porque o Eu é o único amigo do eu
E o eu é o único adversário do Eu.
(eu representa o ego-eu e Eu significa o Eu superior)
                                                           Bhagavad Gita

Mentiras & Verdades

-Jura dizer a verdade, somente a verdade...
Indio:
-Juro dizer o que sei. Não sei se o que sei é a verdade...




E o amor...como explica-lo??


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Maria

 Encontrei  'Ma' (abreviação de Maria Fontes da Silva), uma velha amiga.
Nos sentamos no banco na beira do rio e rememoramos 'velhos tempos que não voltam mais'.
Ela estava abatida, com olheiras (dormindo pouco por causa da depressão) e me explicou que tivera uma crise severa de ciúmes.
Conversamos, analisamos, e ela então lembrou: "sempre que estou menstruada tenho essas crises de ciúmes".
 Ficamos refletindo sobre isso e ela explicou que fica muito insegura quando está assim pois tem medo que seu companheiro se interesse por outras nesses dias, pois ela não se sente disponível pra corresponder os desejos dele. Perguntei se era apenas sexo que os unia e ela então me disse: "... pra mim não, mas sabe como são os homens...ás vezes acho que ele vai esquecer os momentos de alegria que dividimos, as lutas que travamos juntos e tudo que construímos e trocar por uma bunda que passe rebolando diante de seus olhos...sei que não devo pensar assim...mas os homens...são tão vulneráveis."      
Fiquei sem saber o que dizer.
Ela então falou sobre o quanto ele significava, como se sentira apoiada nos momentos mais difíceis da vida, em como ele a compreendia de um jeito que ninguém mais era capaz, de como sua presença 'perfumava' seus dias dando prazer aos seus sentidos, em como tinha medo de perder tudo isso, em como se sentia insegura pois não tinha certeza que significasse tanto pra ele também.
Continuei sem saber o que dizer à ela.
Então ela me agradeceu por eu ouvi-la e nos abraçamos.
Perguntei se podia publicar essa história no meu blog.
Ela disse que sim,  mas pediu que eu a deixasse anônima criando um nome fictício.
Gosto dessas filosofias sem hora marcada. São tão profundas e explicam tanto sobre a vida.
...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Em 2011...

...aprender a ser mais tolerante com os mentirosos(não com as mentiras), dentre eles especialmente com os politicos profissionais(que  não sobrevivem sem as mentiras), os homens (que mentem por 'natureza') e os marqueteiros que fazem disso profissão.
....no trabalho muito prazer em realizar, fazer...e a satisfação com os resultados.
....na convivência com amigos, irmãos vizinhos, parentes e aderentes, colegas de trabalho, etc., muito jogo de cintura pra sobreviver às intrigas e muita sabedoria pra manter o espírito fraterno.
...nas finanças quero ganhar na megasena(desejar muito pra ver se consigo pelo menos pagar as contas). E por que não?? Vejo tanta gente cheia da grana fazendo um monte de asneira (como comprar um colar de diamantes de 6 milhões de dólares pra cachorrinha de estimação - isso dentre outras mil asneiras). Tenho certeza que faria muitas coisas boas e ganharia até uns pontinhos no céu com essas realizações.
...No amor...sem planos.Simplesmente continuar amando 'sem pódio de chegada'.
...Sabedoria pra cuidar dos filhos, neto, nora....
...Saúde pra estudar, pra trabalhar, pra viver....
Persistência, pra não desitir diante das adversidades e por fim muita inspiração pra continuar alimentando este blog.