Eu estava lendo um texto do livro: “Linguagem e educação depois de Babel” de Jorge Larrosa da parte intitulada Ensaios Eróticos – Experiência e paixão. O autor começa o texto com uma citação de Franz Kafka que diz: “No combate entre você e o mundo, prefira o mundo.” Quando o professor começou sua defesa da idéia de Kafka nada me ocorreu, mas depois começou a brotar em minha mente outro texto: Entre eu e o mundo prefiro o conflito. A priori parece estranho. Pareceu-me incomodo pensar nessa preferência ao conflito. Logo eu que sempre me interessei tanto pela paz. Durante toda minha vida ‘movi montanhas’ para alcançá-la. Já abordei esse tema outra vez aqui no blog. Mas acredito que não fui muito clara onde queria chegar. E hoje com essa frase consegui aprofundar um pouco o assunto para mim e quero compartilhar aqui. Quando penso um pouco mais no assunto percebo que a pacificação muitas vezes realizada não passa de uma negação das diferenças por sermos incapazes de lidar com elas, de aceita-las. Isso, portanto, não é a paz, mas a negação dela. Por isso que parto agora em defesa do conflito como o caminho necessário para construí-la. Quando defendemos o direito a diferença, quando valorizamos a diferença é quase inevitável que ocorram conflitos. Os conflitos passam a ser apaziguados quando descobrimos a riqueza extraordinária da diferença. Mas a diferença nos faz solitários numa certa medida. E isso assusta. Queremos ser iguais para nos sentirmos pertencendo então deixamos nossas diferenças esquecidas, as negamos e aliviamos nossa sensação de solidão. Mas então vem a maturidade (não a dos anos, mas a dos processos) e só então encontramos a tão buscada paz dos encontros entre os diferentes.
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é isso aí!
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