sábado, 27 de novembro de 2010

Mulheres loucas por amor

Morreu a Alzerina. Mas quem era a Alzerina? Era uma dessas pessoas que vagam e divagam pelas ruas, e pela vida por falta de saúde mental. Dizem que ela era uma professora, construiu sua família, trabalhava, mas depois de ser surrada pelo marido durante um resguardo perdeu sua saúde mental. Mas quem conheceu sabe das verdades e sabedorias ditas por ela em meio à sua loucura. Aquelas que só os loucos dizem.
Ela me fazia lembrar de minha bisavó. Minhas tias, minha mãe, minha vó e suas irmãs se revezavam para cuidar dela que viveu até os 96 anos. Convivi, portanto, algumas vezes com ela. Tinha o mesmo problema que a Alzerina e vivia uma situação parecida. Diziam que foi uma quebra resguardo também. Os motivos ninguém afirmava com certeza. Algumas vezes ouvi que ela tinha andado à cavalo naquele período. Outras vezes ouvi um relato que me desperta indignação até hoje.
Diziam que ela não engravidava todos os anos e os vizinhos começaram a comentar que ela usava anticoncepcionais. Naquela época essa era uma prática condenada por todos, especialmente pela igreja que regulava os costumes. Somente prostitutas e mulheres desonestas é que usavam anticoncepcionais.  Especialmente nas regiões do interior e Santa Catarina onde vivia minha bisavó.
Minha bisavó foi à igreja se confessar pois era católica. O padre perguntou sobre o assunto e ela negou que usava anticoncepcionais. No sermão, diante de todos ele retomou o assunto afirmando que além de pecar ela negava o pecado. Depois do ocorrido ela adoeceu. Mas assim como Alzerina ela também dizia suas verdades e sabedorias, aquelas que ninguém dizia. Contam que minha bisavó se zangava e brigava com seu pai para que ele não matasse os índios. Ela afirmava que estes eram gente, tinham alma e que o que ele fazia era um crime e um pecado (crime legitimado pela mesma igreja que condenava os anticoncepcionais, pois era ela que dava o veredicto: 'os índios não são gente, são animais'). O pai de minha bisavó era 'bugreiro' no interior de Santa Catarina, ou seja, ela 'limpava' a área matando índios (que eram chamados de bugres) naquela região para que outros ocupassem o território.
Hoje vemos a noticia do Papa fazendo caridade ao 'permitir' que as prostitutas usem camisinha. Quanta hipocrisia!!!
Fazer esse registro, nesse momento, aqui neste blog, faz parte da campanha: "16 dias de ativismo e luta contra a violência que atinge as mulheres".  
     

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Destino

...chego na fonte de limpidas águas.Lavo meus olhos cansados de chorar.
Olho para mim, olho ao meu redor, olho para quem encontro em meu caminho.
Assim de olhos lavados em limpas águas posso finalmente construir o meu destino.

Lembranças e memória.

Lembranças são como  gotas que batem em meu rosto
e conchas trazidas pelas  ondas que quebram na praia,
Vindas do oceano que é a memória.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Conversações

Seu olhar me fala
do prazer de ali estar
do  querer continuar junto.
Seu olhar cala.
Cala dúvidas, medos e incertezas.
Cala tristezas e inseguranças.
Seu sorriso convida
para a alegria do encontro.
Seu silêncio abre espaço  para o verbo do contrário,
Para o lugar da desesperança.
Insisto, reluto.
Guardo seu olhar,
seu sorriso,
sua voz ,
na lembrança.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Se quiseres...

Vais comigo pra onde eu for...se quiseres assim.
Este vazio em nós terá fim.
Tento explicar até mesmo pra mim.
Viajo no tempo em busca das raizes deste amor.
E reafirmo o que já sei:
Este não é um amor de converter, nem de louvar.
Quando da primeira vez te vi...percebi que nada eu poderia fazer
A não ser  te amar.
Um amor assim, sem razões pra começar,
Razões não terá para ter fim.
Que fazer então, senão amar?!!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O CASAMENTO DE GOVERNO


Equipes & governos
Marcos Fernando

Escolher uma equipe de governo é tão delicado qto escolher um bom casamento. A escolha acertada evitará futuras dores de cabeça. Pode ouvir-se muitas pessoas mas a decisão é pessoal. Se o time for vencedor mt talentos individuais serão reconhecidos mas se for o contrario o técnico vai ser o grande responsabilizado.
Montar um bom governo se assemelha em mt com montar um bom time para vencer o campeonato. Tem q se levar em conta o resultado a ser obtido e o estilo de futebol q se quer jogar. A meu ver os jogadores estrelas, q se julgam mais importantes q o time precisa ser evitados para evitar constrangimentos. Governar é um esporte coletivo. Os “jogadores “ precisam está em profunda sintonia com o “técnico” e o técnico precisa ter plena confiança nos escalados. A equipe precisa está disposta a suar a camisa pra fazer bonito. Abrir mão de interesses e vaidades pessoais em nome de um objetivo maior. É preciso evitar a ingenuidade  e amadorismo dos iniciantes além da arrogância e a soberba dos veteranos. 

   Ao ler este artigo do meu amigo Marcos Fernando fiquei pensando em  comentar  no seu blog (http://balaiodaarte.blogspot.com/), mas o comentário ficou com cara de post e resolvi publica-lo aqui:
      Marcos, em primeiro lugar, se você casar com quem joga no mesmo time fica difícil dar certo pra quem não é homossexual (ou você está propondo que todos sejamos homossexuais?? rs rs rs).
   Mas você não foi totalmente infeliz ao fazer essa proposição. Essa representação/comparação é bastante comum no PT, na FPA e no Governo à muito tempo. Foi muito útil no começo quando o PT e a FPA não era 'ninguém'. Para resistir e se fortalacer era preciso criar esse clima.
    Mas hoje as coisas mudaram muito. É bastante difícil definir a nova realidade e descrever todas as mudanças. Os desafios, portanto, são outros.
      Hoje, tanto o PT, a FPA e o governo, se quiserem continuar indo bem, precisam  contar  com jogadores de esportes coletivos e de esportes individuais(existem pessoas que produzem bem sozinhas e existem aquelas que produzem bem em grupo).Um bom lider ou um bom governante (governante do futuro) tem que gerir, liderar a diversidade, incentivar a tolerância  e buscar a sustentabilidade que só é possível ampliando o espaço para as diferentes habilidades, visões, formas e estratégias de trabalhar.    
      Sejamos realistas, desconfianças e vaidades sempre existiram. Nunca existirá um governo de puros. Portanto pra montar uma boa equipe é bom partir dessa realidade. Se fosse eu a governante iria querer muitas estrelas na minha equipe(sabe aquela expressão?: 'quanto mais estrelas mais iluminado meu caminho', ou aquela outra ' se sua estrela não brilha não tente apagar a minha'). O desafio é esse: governar e liderar estrelas.
      Depois que ficou muito forte essa idéia de time, o câncer que hoje corrói o PT e a FPA (no Acre e no Brasil também) ganhou a dimensão que hoje ameaça sua existência. O fisiologismo que cresce à olhos vistos, o cordão do puxa-saco que cada vez aumenta mais  se fortalece muito quando se trabalha com  a idéia de time (pense nisso!).
     Existia no PT uma boa dúzia de lavadeiras (dessas que levam a trouxa para a beira do igarapé e com um bom porrete batem com muita força até tirar a sujeira daquelas roupas mais grossas). Muitas foram expulsas, outras intimidadas e outras sem saber o que fazer desistiram. 
       Uma boa equipe precisa das lavadeiras, pois do contrário chega-se ao fim do governo e tem tanta roupa suja acumulada atrás das portas, tanta sujeira debaixo do tapete que ninguém aguenta a fedentina.
       Houve um tempo que criou-se um clima de que bons são somente os propositivos. Os críticos deviam ser banidos. Fortaleceu-se tanto os espaços dos propositivos que hoje tem um monte de gente com uma malinha cheia de receitas prontas, remédios pra todas as doenças e  poucos com capacidade crítica e autocritica. A realidade é dinâmica  e quando alguém aparece fazendo críticas é logo isolado como se estivesse com alguma doença contagiosa. O governo precisa de gente que tenha ouvido bom e muita criatividade pra dar respostas à dinamicidade da realidade e àquelas questões que não estão no scrip ou na malinha das proposições.
     Acredito até que em cada secretaria ou ministério o governo deveria ter duas equipes: uma para elaborar as ações e intervenções e outra pra elaborar as críticas. Mas não críticas frágeis e superficiais, aquelas boas mesmo (usar a estratégia das vacinas).   
      Outra coisa, os governantes precisam entender bem como funcionam as relações de interdependência que é a relação entre individuos ou grupos independentes. O mau funcionamento de muitos espaços públicos deve-se às formas centralizadoras de gestão  onde tudo emperra por conta de uma dependência entre comandantes e comandados.
         Mas não adiante se iludir muito. O 'time' já está 90% definido em compromisssos com  apoiadores desde o início da campanha(que por sinal começou à mais de quatro anos) . Mas palpitar e exercitar o diálogo sempre é bom.           
       
       

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Uma sombra no topo da escada

   É assim que vejo a nova presidente do Brasil. Isso me causa um desconforto como mulher que sou. Não. Não estou desfazendo do valor que ela tem. Pelo contrário. Admiro essas plantas que crescem na sombra. Mas sabem como é aquela história: 'narciso acha feio o que não é espelho'. Tenho mais tendência a me identificar com os girassóis. Sempre me incomodei muito com essa mulheres boazinhas que agradam o chefinho, porque nunca fui uma delas. Isso sempre me custou muito caro. Depois de rolar escada abaixo inumeras vezes, lambendo as feridas já jurei mudar e aprender com as princesas boazinhas que sempre são salvas por um bom principe no cavalo branco. Mas quando vejo já estou lá, cricri e incomodada.
   O último desconforto que me inspira essa escrita foi o primeiro discurso da presidenta eleita. Os maiores aplausos vieram quando ela falou no Lula. Os presentes até cantaram Lula-lá nesse momento em que deveriam cantar Dilma-lá. Se fosse eu iria me sentir humilhada e teria jogado o microfone na cabeça dos ouvintes (vejam como sou). Mas ela não, cantou junto e até ajudou a aplaudir.
         Mas um dia eu aprendo!