Há exatos 49 anos, no dia 25 de novembro de 1960, três irmãs da
República Dominicana foram brutalmente assassinadas pela ditadura de
Rafael Leonidas Trujillo, uma das mais violentas da América Latina. Pátria, Minerva e Maria Tereza Mirabal (Las
Mariposas, como eram conhecidas) eram mulheres à frente de seu tempo e
como tal, decidiram não se calar frente às atrocidades que estavam
sendo cometidas em seu país, envolveram-se com os movimentos
clandestinos e começaram a militar pelo fim da ditadura.
Foram presas e torturadas em várias ocasiões, mas em nenhum momento
calaram e acabaram tornando-se uma grande pedra no sapato de Trujillo,
que decidiu acabar com suas vidas simulando um acidente com as três
quando iam visitar seus maridos na prisão. Las Mariposas foram
emboscadas e levadas para uma plantação próxima onde foram apunhaladas
e estranguladas juntamente com o motorista que conduzia o veículo em
que estavam. Trujillo acreditou que havia eliminado um grande problema,
mas a morte das Mirabal causou uma grande comoção no país e levou o
povo dominicano a se somar na luta pelos ideais democráticos das
Mariposas. Um ano depois Trujillo foi assassinado e a ditadura caiu.
Anos depois, no Primeiro Encontro Feminista Latino-Americano e Caribenho de 1981,
realizado em Bogotá, Colômbia, a data do assassinato das Mirabal foi
proposta como dia Latino-Americano e Caribenho de luta contra a
violência à mulher. Em 1999, a Assembléia geral da ONU declarou que
esta data passaria ser lembrada como o Dia Internacional da Eliminação da Violência contra a Mulher, justa homenagem ao sacrifício de Pátria, Miverva e Maria Tereza.
E é justamente esta data, 25 de novembro, que abre a Campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, desenvolvida internacionalmente pelo Center for Women’s Global Leadership e que no Brasil é desenvolvida pela Agende, Ações em Gênero
com ampla parceria dos movimentos de mulheres, feminista e de direitos
humanos, cuja proposta é pautar a questão da violência contra as
mulheres e garantir a adoção de políticas públicas por pate do governo
e solidarieadade por parte da sociedade a um problema que atinge as
mulheres em todo o mundo.
Números e dados que fazem pensar:
Desde 1995, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) vem medindo o Índice de Desenvolvimento de Gênero (IDG), que
avalia as desigualdades entre homens e mulheres nos países e a
constatação foi que “nenhuma sociedade trata tão bem suas mulheres como trata seus homens”.
Profissionais de saúde afirmam que enfermidades crônicas como asma,
epilepsia, diabetes, artrite, hipertensão e doenças coronarianas são
exacerbadas ou precariamente controladas em mulheres que sofrem
violência.
Estudos da Unaids, Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/ AIDS, apontam que as mulheres vítimas de violência estão mais suscetíveis a contraírem o vírus HIV. A violência e o medo limitam o poder da mulher de negociar o sexo seguro, tanto com o parceiro quanto com um estranho.
Dados da Organização Mundial de Saúde citados no relatório anual da
Anistia Internacional, o qual foi divulgado no lançamento da Campanha
“Está Em Suas Mãos: Pare a Violência contra as Mulheres”, mostram que
cerca de 70% das mulheres assassinadas no mundo foram mortas por seus maridos.
O relatório da Anistia Internacional traz ainda um dado divulgado pelo Conselho Europeu, segundo o qual a
violência doméstica é a principal causa de morte e deficiências entre
mulheres de 16 a 44 anos, e mata mais do que câncer e acidentes de
trânsito.
No Brasil, a pesquisa da Fundação Perseu Abramo do ano 2000,
intitulada A Mulher Brasileira nos Espaços Público e Privado, estima
que 2,1 milhões de mulheres são espancadas por ano no País;
175 mil por mês, 5,8 mil por dia, 243 por hora, 4 por minuto, uma a
cada 15 segundos.
Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), uma em cada cinco faltas ao trabalho no mundo é causada pela violência sofrida pelas mulheres dentro de suas casas. E a cada cinco anos, a mulher que sofre violência doméstica perde um ano de vida saudável.
PS- pra saber mais sobre a história das Irmãs Mirabal, livro e filme: No tempo das Borboletas de Julia Alvarez.