segunda-feira, 21 de julho de 2014

Par ou impar?




Mães e filhos
Pães e milho
Lua e karmosa sina
Doutrina fina
afina os olhos da menina
Na menina dos olhos
a doçura ensina.


segunda-feira, 9 de junho de 2014

Sobrevivente

Os fantasmas nos porões da memória.
Fantasmas de lutas inglórias.
Se acelera o coração.
Aumenta a frequência da respiração.
O assombro cria a indecisão:
Num passado que não mais existe, estarão lá?
No destino desviado, estarão cá?
No redemoinho do labirinto da memória, naufrago.
Na superfície do inconsciente, boio e nado.
Na praia contemplo as estrelas e a lua graciosa.
Sinto o vento nos cabelos e respiro aliviada.
Sou sobrevivente.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Entre guerras e amores

Palavras arrastam sensibilidades miúdas para as regiões pantanosas da existência;
Lutas pela sobrevivência confrontam conceitos, palavras, discursos e teorias;
Aos poucos, nas asas do amor e da dor, concretidões recuperam perfumes, cheiros, sentimentos e alegrias;
O silêncio  remenda corpos em frangalhos e costura fragmentos de alma.
A ciência do bem separa as palavras mal-ditas (maldições) das palavras ben-ditas (bênçãos).
Espero, apreciando o horizonte.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Indagações Filosóficas?


Todo o instinto pode ser sublimado? Inclusive o da dor? Até que ponto? Buscando respostas e novas dúvidas no dialogo com:

http://www.cefetsp.br/edu/eso/filosofia/freudchaui.html

http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070222171055AAcHyBD

http://www.psicoloucos.com/Psicanalise/sublimacao.html

http://psiqueativa.blogspot.com.br/2009/06/arte-da-sublimacao.html

http://lucasnapoli.com/2009/12/16/o-que-e-sublimacao/ 

Uma das respostas iniciais:
 A psicanálise criou novas formas de entender, explicar, organizar e contar as histórias. 

Novas dúvidas:
 Que novas formas são essas?
Pão e circo é sublimação coletiva? De quê mesmo?


sexta-feira, 22 de março de 2013

Campanha Laço Branco



Tudo começou com um trágico episódio ocorrido em 1989 no Canadá. Um homem jovem entrou armado em uma sala de aula de uma escola politécnica de Montreal, ordenou que os homens se retirassem e em seguida atirou e matou quatorze mulheres que estavam na sala e nos corredores do prédio. Ao mesmo tempo ele gritava: “vocês são todas feministas”.  Após os assassinatos ele suicidou-se e foi encontrada em seu bolso uma carta na qual o jovem dizia não suportar mulheres estudando um curso tradicionalmente para homens.
Este episódio, que foi um ato de violência extrema baseada em gênero, ficou conhecido como “Massacre de Montreal” e gerou amplo debate no Canadá sobre os homens serem ou não naturalmente violentos.  Neste cenário um grupo de homens decidiu se organizar para dizer que não eram naturalmente violentos e não aceitavam a violência contra a mulher. Assim nasceu a Campanha do Laço Branco – Homens Pelo Fim da Violência Contra a Mulher – com o lema: Jamais cometer um ato de violência contra as mulheres e não fechar os olhos frente a esta violência.
A campanha do Laço Branco chegou ao Brasil em 1999 com algumas ações isoladas no Rio de Janeiro, Recife e Brasília desenvolvidas pelos Instituto PAPAI, Instituto Promundo e Instituto NOOS.  No começo do ano de 2002 um folder da campanha chegou ao Acre, sem sabermos exatamente como, e motivou a Rede Acreana de Mulheres e Homens a lançar aqui a nobre campanha. Naquela época já sabíamos que as ações de empoderamento e autoestima com grupos de mulheres não eram suficientes, pois estas quando retornavam para suas casas ou comunidades se deparavam com homens que não haviam passado por um processo de reflexão entendendo, então, a intenção da mulher de requerer seus direitos como uma afronta, um insulto, o que em alguns casos gerava/motivava atitudes violentas contra elas.
Mesmo com esta contestação, que nesta época era restrita, havia muita resistência de instituições financiadoras e grupos feministas em destinar recursos orientados para o enfrentamento à violência contra a mulher a ações focadas nos homens, por serem os recursos, muitas vezes, parcos e serem os homens os autores deste tipo de violência.
Desta forma a estratégia foi estabelecer parcerias locais com instituições públicas, privadas e sociais numa somatória de recursos materiais, financeiros e humanos, respectivamente. Assim os anos de2003 a 2005 foram marcados por abundantes ações das quais explicitarei as mais relevantes.
Distribuição e amarração de fitas, tipo senhor do bom fim, nos braços dos homens, ocasião em que acordávamos com eles o seu compromisso com a campanha e a importância da fitinha em seu braço, que devia ser instrumento de trabalho e carinho e nunca de violência;
Palestras em eventos alusivos aos direitos das mulheres e pelo fim da violência onde expúnhamos as causas dos comportamentos violentos dos homens: as suas formas de socialização tradicional em que a violência é aceita e às vezes incentivada como forma de resolução de conflitos, aprendida e reproduzida em brincadeiras infantis, nos relacionamentos com os pares na adolescência, em práticas esportivas, ao mesmo tempo em que atitudes e sensações como o medo, o cuidado de si e do outro, o carinho e choro são reprovadas.
Oficinas reflexivas para adolescentes e jovens com temáticas como sexualidade, violência, drogas, entre outras, nas quais era posto em xeque os comportamentos hegemonicamente machistas e seus efeitos destrutivos e autodestrutivos como, por exemplo, dirigir carro em alta velocidade ou ter relações sexuais sem o uso do preservativo.
As duas primeiras ações citadas acima têm o mérito de informar e promover reflexão em homens e mulheres sobre formas alternativas de comportamento baseadas na equidade de gênero. A terceira tem função de mudar ou prevenir atitudes violentas dos jovens contra mulheres e outros homens.
É importante dar ênfase a uma estratégia que nós não desenvolvemos nesse período. Trata-se dos grupos reflexivos de gênero com homens autores de violência contra a mulher, formados por demanda espontânea ou sistema judicial, que através de oficinas reflexivas consegue ressocializá-los com números ínfimos de reincidência.  
Juntas as três estratégias formam o tripé fundamental da Campanha Laço Branco que visa a erradicação da violência contra a mulher e de gênero, tendo o homem  como  protagonista desse processo.
A Campanha do Laço Branco ficou inerte no Acre nos anos de 2006 a 2008. A partir do ano seguinte temos desenvolvido ações esporádicas, em parte por uma promessa não cumprida de um ministério. Nesta semana durante nossas ações recebi muitos pedidos exaltados para levarmos a Campanha para escolas, comunidades e instituições. Isso me motivou a intensificar as ações em busca da erradicação da violência contra a mulher e como uma campanha se faz, sobretudo, com divulgação, estou enviando essa história de luta social ao lugar certo.

Cleib Lubiana de Araújo
Coordenador Estadual
Campanha do Laço Branco


segunda-feira, 11 de março de 2013

O espírito feminino do REDE



Estamos vivendo um novo tempo na política com a criação de um partido de nome Rede Sustentabilidade. http://www.brasilemrede.com.br/Novo não é só o nome, mas as possibilidades práticas de avançarmos rumo a realização de alguns sonhos de democracia, ética, dignidade, justiça social e relação harmoniosa com a natureza, dentre outros que atualmente se encontram somente no plano das utopias e ideais humanos.

A ideia de Rede nasce principalmente dos batalhadores pela sustentabilidade ambiental a partir da experiência de construção de políticas públicas transversais para essa área. No entanto, para mim, sempre que se fala em Rede, baixa da memória, em certa medida, uma feminista. Explico o porquê: ao longo da minha vida sempre participei das lutas pela promoção e garantia dos direitos das mulheres, da harmonia entre os gêneros, pela superação de realidades de discriminação, preconceito, injustiças e desigualdades de gênero. Na busca de entender o que leva a essa realidade costumo manter o foco nas relações de poder, como se constituem e se modificam, suas questões ontológicas, suas histórias, dentre outras questões relacionadas a isso.     

Ocorre-me sempre que aprendemos relações de poder desde o útero materno.  Lá somos mobilizados pelas sensações oriundas do estado psicoemocional de nossas mamães. Esse estado é comumente construído a partir das relações que ela está vivenciando no mundo, particularmente na geração de um novo ser onde participa sempre o sexo oposto.  Esse fato nos marca nas profundidades de nossa psique nos dando “régua e compasso” para lidar com as relações de poder no mundo.

Os movimentos de mulheres, as feministas e hoje em dia a sociedade em geral, percebe que as relações de poder em nossa sociedade são marcadas por relações baseadas em estruturas verticais e hierárquicas e essas hierarquias em geral favorecem desigualdades diversas entre os seres humanos e destes para com a natureza. Portanto mudar as estruturas hierárquicas sempre foi um dos propósitos feministas e dos movimentos de mulheres.  As estruturas de rede sempre foram idealizadas como alternativas ao modelo hierárquico e por consequência como estruturas adequadas à superação de desigualdades. Estão sempre presentes nas formas de organização dos próprios movimentos. Minhas primeiras experiências em pensar e por em prática estruturas horizontais vem dos movimentos de mulheres.   Posteriormente na construção de políticas públicas em atenção às mulheres em situação de violação percebemos que atendimento em rede é a estratégia ideal.

A inspiração das mulheres para o feitio das estruturas de rede nasce de suas lutas e resistências cotidianas, de seus fazeres sempre na linha do cuidado com crianças, idosos, enfermos e feridos (enquanto os homens vão para a guerra). Nasce também da experiência singular de gestar, onde divide seu próprio corpo, suas esperanças e aflições, a sede, a fome, a saciedade, o prazer, o próprio ar que respira com outro ser. Nessa experiência aprende outra matemática, onde dividir é igual a somar.

Ao olharmos com profundidade uma situação de violação em que uma mulher está submetida, percebemos múltiplos fatores gerando uma agressão física, por exemplo, ou um assédio sexual no trabalho. Diante disso demanda-se a múltiplas intervenções na erradicação das mesmas, assim a constituição de redes torna-se uma opção natural nos processos de erradicação da violação e atuação consequente.

No entanto, a mudança das estruturas por si só não garantem as mudanças significativas que precisamos. Precisamos nos atentar à alma, aos valores de quem constitui redes para que elas não se tornem embalagens modernas de vícios antigos.

Construir redes é reelaborar-se cotidianamente numa perspectiva sistêmica de pensar e fazer, numa mimese da natureza que assim é.