quinta-feira, 26 de junho de 2014
segunda-feira, 9 de junho de 2014
Sobrevivente
Os fantasmas nos porões da memória.
Fantasmas de lutas inglórias.
Se acelera o coração.
Aumenta a frequência da respiração.
O assombro cria a indecisão:
Num passado que não mais existe, estarão lá?
No destino desviado, estarão cá?
No redemoinho do labirinto da memória, naufrago.
Na superfície do inconsciente, boio e nado.
Na praia contemplo as estrelas e a lua graciosa.
Sinto o vento nos cabelos e respiro aliviada.
Sou sobrevivente.
Fantasmas de lutas inglórias.
Se acelera o coração.
Aumenta a frequência da respiração.
O assombro cria a indecisão:
Num passado que não mais existe, estarão lá?
No destino desviado, estarão cá?
No redemoinho do labirinto da memória, naufrago.
Na superfície do inconsciente, boio e nado.
Na praia contemplo as estrelas e a lua graciosa.
Sinto o vento nos cabelos e respiro aliviada.
Sou sobrevivente.
quarta-feira, 9 de abril de 2014
Entre guerras e amores
Palavras arrastam sensibilidades miúdas para as regiões pantanosas da existência;
Lutas pela sobrevivência confrontam conceitos, palavras, discursos e teorias;
Aos poucos, nas asas do amor e da dor, concretidões recuperam perfumes, cheiros, sentimentos e alegrias;
O silêncio remenda corpos em frangalhos e costura fragmentos de alma.
A ciência do bem separa as palavras mal-ditas (maldições) das palavras ben-ditas (bênçãos).
Espero, apreciando o horizonte.
Lutas pela sobrevivência confrontam conceitos, palavras, discursos e teorias;
Aos poucos, nas asas do amor e da dor, concretidões recuperam perfumes, cheiros, sentimentos e alegrias;
O silêncio remenda corpos em frangalhos e costura fragmentos de alma.
A ciência do bem separa as palavras mal-ditas (maldições) das palavras ben-ditas (bênçãos).
Espero, apreciando o horizonte.
terça-feira, 28 de maio de 2013
Indagações Filosóficas?
Todo o instinto pode ser sublimado? Inclusive o da dor? Até que ponto? Buscando respostas e novas dúvidas no dialogo com:
http://www.cefetsp.br/edu/eso/filosofia/freudchaui.html
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070222171055AAcHyBD
http://www.psicoloucos.com/Psicanalise/sublimacao.html
http://psiqueativa.blogspot.com.br/2009/06/arte-da-sublimacao.html
http://lucasnapoli.com/2009/12/16/o-que-e-sublimacao/
Uma das respostas iniciais:
A psicanálise criou novas formas de entender, explicar, organizar e contar as histórias.
Novas dúvidas:
Que novas formas são essas?
Pão e circo é sublimação coletiva? De quê mesmo?
sexta-feira, 22 de março de 2013
Campanha Laço Branco
Tudo começou com um trágico
episódio ocorrido em 1989 no Canadá. Um homem jovem entrou armado em uma sala
de aula de uma escola politécnica de Montreal, ordenou que os homens se
retirassem e em seguida atirou e matou quatorze mulheres que estavam na sala e
nos corredores do prédio. Ao mesmo tempo ele gritava: “vocês são todas
feministas”. Após os assassinatos ele
suicidou-se e foi encontrada em seu bolso uma carta na qual o jovem dizia não
suportar mulheres estudando um curso tradicionalmente para homens.
Este episódio, que foi um ato de
violência extrema baseada em gênero, ficou conhecido como “Massacre de
Montreal” e gerou amplo debate no Canadá sobre os homens serem ou não
naturalmente violentos. Neste cenário um
grupo de homens decidiu se organizar para dizer que não eram naturalmente violentos
e não aceitavam a violência contra a mulher. Assim nasceu a Campanha do Laço
Branco – Homens Pelo Fim da Violência Contra a Mulher – com o lema: Jamais
cometer um ato de violência contra as mulheres e não fechar os olhos frente a
esta violência.
A campanha do Laço Branco chegou ao
Brasil em 1999 com algumas ações isoladas no Rio de Janeiro, Recife e Brasília
desenvolvidas pelos Instituto PAPAI, Instituto Promundo e Instituto NOOS. No começo do ano de 2002 um folder da
campanha chegou ao Acre, sem sabermos exatamente como, e motivou a Rede Acreana
de Mulheres e Homens a lançar aqui a nobre campanha. Naquela época já sabíamos
que as ações de empoderamento e autoestima com grupos de mulheres não eram
suficientes, pois estas quando retornavam para suas casas ou comunidades se
deparavam com homens que não haviam passado por um processo de reflexão entendendo,
então, a intenção da mulher de requerer seus direitos como uma afronta, um
insulto, o que em alguns casos gerava/motivava atitudes violentas contra elas.
Mesmo com esta contestação, que
nesta época era restrita, havia muita resistência de instituições financiadoras
e grupos feministas em destinar recursos orientados para o enfrentamento à
violência contra a mulher a ações focadas nos homens, por serem os recursos,
muitas vezes, parcos e serem os homens os autores deste tipo de violência.
Desta forma a estratégia foi
estabelecer parcerias locais com instituições públicas, privadas e sociais numa
somatória de recursos materiais, financeiros e humanos, respectivamente. Assim
os anos de2003 a 2005 foram marcados por abundantes ações das quais explicitarei
as mais relevantes.
Distribuição e amarração de fitas,
tipo senhor do bom fim, nos braços dos homens, ocasião em que acordávamos com eles
o seu compromisso com a campanha e a importância da fitinha em seu braço, que
devia ser instrumento de trabalho e carinho e nunca de violência;
Palestras em eventos alusivos aos
direitos das mulheres e pelo fim da violência onde expúnhamos
as causas dos comportamentos violentos dos homens: as suas formas de
socialização tradicional em que a violência é aceita e às vezes incentivada
como forma de resolução de conflitos, aprendida e reproduzida em brincadeiras infantis,
nos relacionamentos com os pares na adolescência, em práticas esportivas, ao
mesmo tempo em que atitudes e sensações como o medo, o cuidado de si e do
outro, o carinho e choro são reprovadas.
Oficinas reflexivas para
adolescentes e jovens com temáticas como sexualidade, violência, drogas, entre
outras, nas quais era posto em xeque os comportamentos hegemonicamente
machistas e seus efeitos destrutivos e autodestrutivos como, por exemplo,
dirigir carro em alta velocidade ou ter relações sexuais sem o uso do
preservativo.
As duas primeiras ações citadas
acima têm o mérito de informar e promover reflexão em homens e mulheres sobre
formas alternativas de comportamento baseadas na equidade de gênero. A terceira
tem função de mudar ou prevenir atitudes violentas dos jovens contra mulheres e
outros homens.
É importante dar ênfase a uma
estratégia que nós não desenvolvemos nesse período. Trata-se dos grupos
reflexivos de gênero com homens autores de violência contra a mulher, formados
por demanda espontânea ou sistema judicial, que através de oficinas reflexivas
consegue ressocializá-los com números ínfimos de reincidência.
Juntas as três estratégias formam o
tripé fundamental da Campanha Laço Branco que visa a erradicação da violência
contra a mulher e de gênero, tendo o homem
como protagonista desse processo.
A Campanha do Laço Branco ficou
inerte no Acre nos anos de 2006 a 2008. A partir do ano seguinte temos
desenvolvido ações esporádicas, em parte por uma promessa não cumprida de um
ministério. Nesta semana durante nossas ações recebi muitos pedidos exaltados para
levarmos a Campanha para escolas, comunidades e instituições. Isso me motivou a
intensificar as ações em busca da erradicação da violência contra a mulher e
como uma campanha se faz, sobretudo, com divulgação, estou enviando essa
história de luta social ao lugar certo.
Cleib Lubiana de Araújo
Coordenador Estadual
Campanha do Laço Branco
segunda-feira, 11 de março de 2013
O espírito feminino do REDE
Estamos vivendo um novo tempo na política com a
criação de um partido de nome Rede Sustentabilidade. http://www.brasilemrede.com.br/Novo
não é só o nome, mas as possibilidades práticas de avançarmos rumo a realização
de alguns sonhos de democracia, ética, dignidade, justiça social e relação
harmoniosa com a natureza, dentre outros que atualmente se encontram somente no
plano das utopias e ideais humanos.
A ideia de Rede nasce principalmente dos
batalhadores pela sustentabilidade ambiental a partir da experiência de
construção de políticas públicas transversais para essa área. No entanto, para
mim, sempre que se fala em Rede, baixa da memória, em certa medida, uma
feminista. Explico o porquê: ao longo da minha vida sempre participei das lutas
pela promoção e garantia dos direitos das mulheres, da harmonia entre os
gêneros, pela superação de realidades de discriminação, preconceito, injustiças
e desigualdades de gênero. Na busca de entender o que leva a essa realidade
costumo manter o foco nas relações de poder, como se constituem e se modificam,
suas questões ontológicas, suas histórias, dentre outras questões relacionadas
a isso.
Ocorre-me sempre que aprendemos relações de poder
desde o útero materno. Lá somos mobilizados pelas sensações oriundas do
estado psicoemocional de nossas mamães. Esse estado é comumente construído a
partir das relações que ela está vivenciando no mundo, particularmente na
geração de um novo ser onde participa sempre o sexo oposto. Esse fato nos
marca nas profundidades de nossa psique nos dando “régua e compasso” para lidar
com as relações de poder no mundo.
Os movimentos de mulheres, as feministas e hoje em
dia a sociedade em geral, percebe que as relações de poder em nossa sociedade
são marcadas por relações baseadas em estruturas verticais e hierárquicas e essas hierarquias em geral favorecem desigualdades diversas entre os seres
humanos e destes para com a natureza. Portanto mudar as estruturas hierárquicas
sempre foi um dos propósitos feministas e dos movimentos de mulheres. As
estruturas de rede sempre foram idealizadas como alternativas ao modelo
hierárquico e por consequência como estruturas adequadas à superação de
desigualdades. Estão sempre presentes nas formas de organização dos próprios
movimentos. Minhas primeiras experiências em pensar e por em prática estruturas
horizontais vem dos movimentos de mulheres. Posteriormente na
construção de políticas públicas em atenção às mulheres em situação de violação
percebemos que atendimento em rede é a estratégia ideal.
A inspiração das mulheres para o feitio das
estruturas de rede nasce de suas lutas e resistências cotidianas, de seus
fazeres sempre na linha do cuidado com crianças, idosos, enfermos e feridos
(enquanto os homens vão para a guerra). Nasce também da experiência singular de
gestar, onde divide seu próprio corpo, suas esperanças e aflições, a sede, a
fome, a saciedade, o prazer, o próprio ar que respira com outro ser. Nessa
experiência aprende outra matemática, onde dividir é igual a somar.
Ao olharmos com profundidade uma situação de
violação em que uma mulher está submetida, percebemos múltiplos fatores gerando
uma agressão física, por exemplo, ou um assédio sexual no trabalho. Diante
disso demanda-se a múltiplas intervenções na erradicação das mesmas, assim a
constituição de redes torna-se uma opção natural nos processos de erradicação
da violação e atuação consequente.
No entanto, a mudança das estruturas por si só não
garantem as mudanças significativas que precisamos. Precisamos nos atentar à
alma, aos valores de quem constitui redes para que elas não se tornem
embalagens modernas de vícios antigos.
Construir redes é reelaborar-se cotidianamente numa
perspectiva sistêmica de pensar e fazer, numa mimese da natureza que assim é.
segunda-feira, 4 de março de 2013
O Melhor carnaval da minha vida
Os melhores carnavais para mim foram aqueles que ocorreram na
adolescência, uns dois ou três anos talvez, quando eu juntava pedaços de retalhos
e algumas roupas gastas pelo uso e confeccionava uma “fantasia” para ir à
matinê num dos clubes de Rio Branco no AC, com entrada franca. A inocência,
alheia à situação política do país da década de 1970, nem sonhava que enquanto
eu brincava algumas pessoas também suavam em lugares ermos, buscando um refúgio
além da fronteira para continuarem vivas, nem precisariam poder brincar.
A segunda-feira de carnal de 2013 superou a alegria do passado,
esse sem dúvida foi o melhor carnaval da minha vida.
Em Nova Iguaçu, RJ, bairro de Cabuçu, na casa de Lírian Tabosa, a
poeta e professora de 80 anos e homenageada pela Grêmio Recreativo da Escola de
Samba Império de Cabuçu, nos dava o prazer de ouvir fragmentos de sua história
de vida, relatados num misto de lágrimas e bom humor, como ela foi abraçada aos
9 anos de idade pelo Cavalheiro da Esperança, Carlos Prestes; como viu o
Comandante Che Chevara pela primeira vez na União Nacional dos Estudantes –
UNE, que, funcionava no bairro do flamengo, no rio de Janeiro e pela segunda
vez em La Paz capital da Bolívia, país em que ela foi exilada.
Relatou também, como foi sua prisão de trinta e três dias em La
Paz, quando Che, ícone da Revolução Cubana foi assassinado por capangas do
imperialismo; e mais, como foi a sua longa caminhada para sair do Brasil rumo
ao exílio, escondendo-se em matagais e tendo como último recurso para atingir
seu intento, saltar para o “trem da morte”, já em movimento e ficar escondida em
um vagão, que por sorte estava completamente vazio. Esses momentos inspiraram
Lírian a escrever muitas poesias como “A Fuga”:
Encontro-me em um lugar
onde só se escutam
músicas sentimentais
paraguaias.
Já entrei em
cena e como ator ou atriz
encontro-me também
no palco do drama do exílio.
A fuga é triste,
é uma bambolina
de solidão e saudades,
contudo, seguirei o
caminho
para que mais longe do
Brasil,
com lágrimas me afaste.
O hino de 2013 da Escola de Samba Império de Cabuçu ressalta
aspectos da vida de Lírian dizendo que, “seus
livros são a voz de liberdade Mao Tsetung, Che Chevara, inspiração, seus poemas
encantam corações”. Poemas que foram feitos, por uma história de perdas, como
amores, a liberdade e o emprego no antigo Departamento de Estradas e Rodagens –
DNER, que hoje lhe permitiria ter uma vida financeira melhor, pois para ela ter
um conforto a mais, que a idade requer, conta com o apoio de familiares mais
abastados. Essas perdas nos fazem compreender o trecho de seu poema,
“Estático Tempo:*
Vou enfraquecendo,
Enfraquecendo...
As rugas mostrando
tais fenômenos
até um dia, eu matéria
apodrecer também
e o EU personalidade
imortal, alhures, olhares,
em outras dimensões
não terei saudades
deste mundo onde paguei.
Vou enfraquecendo,
Enfraquecendo...
As rugas mostrando
tais fenômenos
até um dia, eu matéria
apodrecer também
e o EU personalidade
imortal, alhures, olhares,
em outras dimensões
não terei saudades
deste mundo onde paguei.
O encontro deu espaço a muitas cantorias, que Lírian dedilhava no
violão, músicas que ela cantava nos bares da Bolívia durante o exílio, para ganhar
um dinheirinho, até que ela começasse a dar aulas de reforço de física, química
e matemática. Segundo ela esta habilidade foi desenvolvida numa pequena sala,
que seu pai preparou com um quadro negro (verde), observação dela, onde
auxiliava seus irmãos e sobrinhos a se prepararem para o vestibular. Ainda
durante o encontro podemos ouvir o Hino da Internacional Socialista, cantado
por Jorge Carlos (Mané do Café) e assistir o documentário “O regresso”, sobre o
corteja aos restos mortais de Che Chevara, em Cuba. Por diversas vezes Lírian
chorou vendo o filme que ela já assistiu muitas outras vezes, mas o amor pelo
Comandante Che a emociona toda vez que fala seu nome.
Estes foram os motivos que me levaram ontem, à Avenida Marechal
Floriano Peixoto, em Nova Iguaçu, que se situa na tão sofrida baixada
fluminense, para desfilar e cantar até faltar o fôlego, o hino da Império de
Cabuçu, na companhia de Lírian e dos amigos dela que integravam a Ala dos
Artistas.
O desfile foi na verdade um protesto contra a Prefeitura daquele
município, que negara o justo apoio financeiro às Escolas de Samba, havendo
repassado um valor insignificante, na opinião do Presidente da Escola. Em Nova
Iguaçu não teve disputa, jurados e nem notas, enquanto o luxo escorria no
sambódromo da Sapucaí. Mas tivemos dois justos motivos para suar na avenida – a
poesia de Lírian Tabosa e a indignação por uma política viciada que sobrevive
ao longo de toda a história do Brasil, reforçando as desigualdades.
Eliana de Castela
Assinar:
Postagens (Atom)