sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Mais coisas de amor

Adélia Prado em sua sabedoria poética nos diz...

"Amor violeta


O amor me fere é debaixo do braço,

de um vão entre as costelas.

Atinge meu coração é por esta via inclinada.

Eu ponho o amor no pilão com cinza

e grão de roxo e soco. Macero ele,

faço dele cataplasma

e ponho sobre a ferida."

 
Diz também...
 
"Confeito

Quero comer bolo de noiva,

puro açúcar, puro amor carnal

disfarçado de corações e sininhos:

um branco, outro cor-de-rosa,

um branco, outro cor-de-rosa."

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Amor: questões ontológicas.

  Às vezes penso em propor uma reforma gramatical.
  Nela o  verbo amar jamais seria conjugado no pretérito.Não faz sentido conjuga-lo assim. É incoerente com a natureza do amor.É próprio do amor ser eterno, quando não é assim pode ser qualquer outra coisa menos amor. O amor portanto é sempre um eterno presente.
  Uma das regras seria que o amor jamais pode ser acompanhado de adjetivos. Por exemplo: amor carnal  ou amor físico - isso não existe. Se você ama somente a carne (físico) de alguém é porque não o ama de fato. Amar alguém é uma forma de perceber que existe um ser que dá vida ao carnal. Se não se percebe isso não é amor.
  O amor incondicional por exemplo é outra forma de considerar que existe um mercado, um toma lá dá cá que muitos chamam de amor. É próprio da natureza do amor ser sem condições, sem 'se' e senões.
  Não posso dizer que nunca me enganei com essas regras. Que elas sempre foram claras para mim. Se dissesse isso estaria a mentir.
  Foi pelos caminhos sofridos do coração que concebi essa reforma.
  E hoje sei bem o que estou a dizer e posso comprovar cada uma dessas leis de amor. 

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Oração ao sol ou Gayatri

Sol, vós que sois a fonte de todo poder,
cujos raios iluminam o mundo inteiro,
iluminai igualmente o meu coração
para que também ele possa fazer a vossa obra.


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Parabéns Marina!!!

    Quando eu estava concluido a pós-graduação em psicopedagogia tive que a escrever um artigo científico junto com minha equipe. Decidimos que o nosso tema seria sobre as dificuldades de escrita e leitura.
    Enquanto pesquisava o assunto me dei conta que nós também tinhamos as dificuldades que estudavamos nas crianças e então decidi  criar este blog pra exercitar e melhorar minhas habilidades.
     Desde então venho buscado a melhor maneira de contar histórias. Às vezes flui bem, mas às vezes fica tudo travado.
    Recebi recentemente um convite do Movimento Marina Silva do qual faço parte pedindo: Então, vamos contar nossas histórias, a sua história?
     Pensei em como começar? O que dizer? ...São tantas coisas que se passaram...
     Agora, chegando o aniversário dela resolvi fazer um esforço pra presentea-la com alguma história.
     Tentei lembrar de quando nos conhecemos. Não consegui. As primeiras lembranças foram de quando ela ainda morava na Cidade Nova(bairro de Rio Branco/Ac). Eu integrava o DCE(Diretório Central dos Estudantes) da UFAC(Universidade Federal do Acre) na gestão em que o Fábio(atual esposo de Marina) era presidente. Eles começavam o namoro e eu ajudava o cupido algumas vezes.
       Naquele tempo colegas de militância era 'meio que' família.Dividiamos sonhos, inquietações, tarefas, idéias, comida, lazer, preocupações, decisões...
       As campanhas era um trabalho árduo e artesanal, desde a construção de bons argumentos pra convencer eleitores até a confecção de placas e panfletos. Os argumentos pra convencer os eleitores deviam  falar das qualidades da candidata e nunca dos defeitos do adversário. Uma arte difícil na politica. Devia defender uma sociedade de justiça para todos e não só criticar os governantes e seus malfeitos. Uma crítica deveria ser sempre bem fundamentada, etc..
       Quando ela se elegeu vereadora (1988), o PT não tinha quase nenhuma expressão na institucionalidade local. Sua atividade principal era na organização de movimentos sociais.      
       Ela virou a politica de cabeça pra baixo e lá se foi abrindo as portas pra muitas das conquistas que fizemos nesse espaço.
       Tricotavamos sobre nossa  condição feminina, nossa espiritualidade, idéias e conceitos,  sobre a vida e o projeto politico.
       Marina sempre me inspirou muito com sua ética amorosa, sua visão profunda e comprometida e sua prática responsável.
       Sua saúde sempre era preocupante. Procuravamos alternativas à medicina tradicional. Pais de santos e rezadores (às vezes às escondidas de nossos companheiros incrédulos). Videntes, cristais, remédios não alopáticos, alimentação, etc...
       Depois ela tornou-se Senadora e Ministra e eu fui ficando por aqui sempre torcendo por ela e admirando seu desempenho.
       Quando começaram a falar de Marina Presidente, lá no fundinho me sentia feliz por ela ser lembrada, mas pensava vai ser doído e ela não merece passar por isso, não é justo.
       Sonhava que o PT debatesse seu nome e com isso qualificasse o debate interno. Mas não era só a amizade por ela que alimentava esse desejo. Era a insatisfação com  os rumos que o projeto plolitico do PT vinha (e vem) tomando. Muitas ações entrando em choque com a árdua tarefa de construção e defesa de valores éticos. A compreeensão de que as bandeiras tão caras como a erradicação da pobreza, não combinam com as estratégias politicas do PT. No meu entendimento, pra erradicar a pobreza, é necessário romper com esse 'nacionalismo' da elite  brasileira. Coisa que o PT não faz mais. É preciso olhar a nossa história de país colonizado e entender que, pior do que a ditadura militar é a ditadura do colonizador(adotada pela elite nacionalista brasileira e hoje defendida pelo PT). Essa ditadura defende uma economia monocultora e não busca uma economia baseada numa relação harmoniosa com a natureza biodiversa.  Não entende que a erradicação da pobreza passa pela valorização de uma tradicão milenar que promove a diversidade sócio-étnica-cultural e sempre manteve uma relação harmoniosa com a natureza.O PT hoje defende hegemonias. Isso entra em choque direto com essa tradição.
       Mas o debate interno do PT não aconteceu. Achei carência de democracia. Lamentei.
       Recebi convite pra integrar o Movimento Marina Presidente. Todas às vezes que pensava minha cabeça doía, a tensão e o estresse crescia. Mas não era justo pressiona-la, dar à ela mais essa tarefa tão pesada. Resistia. Voltava a me indignar com o PT. Quando ela decidiu aceitar eu entrei no Movimento, mas já não era com a mesma garra daqueles tempos primeiros. A apatia gerada por tantas decepções, pelo sofrimento dela quando saiu do PT... a tensão com os 'companheiros', ...elaborar tudo isso consumia muito da minha energia.
       Mas ela foi lá, fez bonito como já era esperado, reacendeu a capacidade de sonhar e ajudou a construir algumas coisas pra serem ditas às crianças e aos jovens. Disse algumas coisas que andavam entaladas na garganta, qualificou o debate e abriu novas perpectivas para a politica.
      Valeu Marina!! Que este seu aniversário se repita ainda por muitos e muitos anos. Parabéns.   
    

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Manhãs livres

   Gosto das manhãs quando o mundo ainda dorme acalentado nos braços de mamãe.
   São livres as manhãs.
   Devagar quando os olhos,  janelas e portas vão se abrindo, cercas e muros vão se erguendo até onde as vistas alcançam.
   Nos conflitos que são travados a liberdade vira moeda de troca.

   Os espaços demarcados levantam poeira e já não deixam o ar puro.
   No entardecer a exaustão empurra todos pra escuridão de linhas divisórias.
   Nos macios lençois busca-se o conforto para as dores do corpo e da alma.
   Nas madrugadas perambulo ao seu encontro e encontro eu mesma.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Eu e eu, Mentiras & verdades, O amor...

Eu e eu
 
Erga o eu através do Eu
E não deixe o  eu esmorecer,
Porque o Eu é o único amigo do eu
E o eu é o único adversário do Eu.
(eu representa o ego-eu e Eu significa o Eu superior)
                                                           Bhagavad Gita

Mentiras & Verdades

-Jura dizer a verdade, somente a verdade...
Indio:
-Juro dizer o que sei. Não sei se o que sei é a verdade...




E o amor...como explica-lo??


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Maria

 Encontrei  'Ma' (abreviação de Maria Fontes da Silva), uma velha amiga.
Nos sentamos no banco na beira do rio e rememoramos 'velhos tempos que não voltam mais'.
Ela estava abatida, com olheiras (dormindo pouco por causa da depressão) e me explicou que tivera uma crise severa de ciúmes.
Conversamos, analisamos, e ela então lembrou: "sempre que estou menstruada tenho essas crises de ciúmes".
 Ficamos refletindo sobre isso e ela explicou que fica muito insegura quando está assim pois tem medo que seu companheiro se interesse por outras nesses dias, pois ela não se sente disponível pra corresponder os desejos dele. Perguntei se era apenas sexo que os unia e ela então me disse: "... pra mim não, mas sabe como são os homens...ás vezes acho que ele vai esquecer os momentos de alegria que dividimos, as lutas que travamos juntos e tudo que construímos e trocar por uma bunda que passe rebolando diante de seus olhos...sei que não devo pensar assim...mas os homens...são tão vulneráveis."      
Fiquei sem saber o que dizer.
Ela então falou sobre o quanto ele significava, como se sentira apoiada nos momentos mais difíceis da vida, em como ele a compreendia de um jeito que ninguém mais era capaz, de como sua presença 'perfumava' seus dias dando prazer aos seus sentidos, em como tinha medo de perder tudo isso, em como se sentia insegura pois não tinha certeza que significasse tanto pra ele também.
Continuei sem saber o que dizer à ela.
Então ela me agradeceu por eu ouvi-la e nos abraçamos.
Perguntei se podia publicar essa história no meu blog.
Ela disse que sim,  mas pediu que eu a deixasse anônima criando um nome fictício.
Gosto dessas filosofias sem hora marcada. São tão profundas e explicam tanto sobre a vida.
...