quarta-feira, 2 de maio de 2012

Diálogos amorosos

Ela: Diga que me ama. Prometa que vai me amar toda a vida.
Ele: Porquê você quer que eu prometa? Te amo agora. Minhas promessas não serão a garantia de que te amarei.
Ela: Se você prometer me sentirei mais confiante.
Ele: Pra quê? Pra se iludir? Você precisa confiar em mim, na minha capacidade de amar sem que eu te faça promessas.
Ela: Não consigo. Pra confiar assim eu preciso conhecer você.
Ele: Eu não me conheço cem por cento, me surpreendo comigo mesmo e sou falível, por isso não sou totalmente confiável.
Ela: Eu também sou assim. Então não somos confiáveis cem por cento. Como então amar e se entregar?
Ele: Não sei. Sei que o amor é como uma plantinha que precisa ser regado todos os dias e adubado sempre pra não morrer.
Ela: Mas as plantinhas também morrem quando completam seu ciclo, mesmo que durem uma vida inteira.
Ele: O ciclos vem e vão como as estações: inverno e verão, outono e primavera, mas um amor pode atravessar todos eles e se renovar a cada ciclo.Além disso existem os mistérios do além que fazem com que o amor transcenda os próprios ciclos.
Ela: Lindo isso que você falou. Mas como se faz isso?
Ele: Não sei, estou aprendendo.
Ela: Vamos aprender juntos?! 

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Tsura


Escrita a partir das histórias contadas pelo índio Luiz Pretinho,durante pesquisa de campo do Grupo de Estudos dos Povos Nativos - GEPON
Um lugar perdido no tempo,
Uma caverna de pedra onde tinha muita gente
Todo mundo estava lá.
Era no tempo das malocas
Os bichos falavam assim como a gente,
Tsura era muito danado
Tinha na sua história tantas outras histórias
Que nunca teriam fim
São histórias de várias vidas de um povo
Que esqueceu o caminho da convivência – Muchalauê
Hoje vive num caminho pra não morrer
Hoje apenas não morreu
Será que vive?

Eliana Ferreira de Castela

sábado, 7 de abril de 2012

Poe[amar]

O pensamento obtuso
da razão objetiva
que enquadra nós e a realidade
em essências que não mudam.
Arde nos olhos,
dói na alma a verdade assim vivida.
E assim está criada a aridez desértica da vida.
A poesia é água, é sonho,
metáforas que não explicam.
Mata a sede.
Desprende amarras e livra.
Leio poemas como quem anda em labirintos,
decifrando sentidos possíveis,
para desvendar a charada.
De lida em lida, o vício se instala.
Não faço poemas como quem busca rimas.
Poeamando sou dona da bola e da jogatina.

quarta-feira, 28 de março de 2012

segunda-feira, 26 de março de 2012

Garimpando

Dignidade e respeito?
Ninguém me dá.
Arranco a unha,
no cotidiano da vida.
Na luta de confronto
com os padrões cristalizados.
Suor, lágrimas e sangue se misturam no embate.
Eu busco como quem escava uma rocha à mão
atrás de uma pedra rara.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Flor de Esperança


Quero trocar...

Quero trocar todas as homenagens que recebo no dia internacional da mulher (muitas vezes falsidades e hipocrisias) por atitudes cotidianas de transformação de condutas e valores machistas nas relações interpessoais, profissionais e de convivência em geral. Trocá-las também por vida digna e gozo de direitos em pé de igualdade com os homens sem precisar me transformar em um deles, preservando minha diferença. Substituí-las por segurança pra ir e vir, pra desfrutar de meus direitos, sem que minha condição de gênero seja motivo de risco social, de risco de violência. Ter, em lugar delas, o reconhecimento pelos meus esforços, que muitas vezes é dobrado pra alcançar os mesmos resultados que meus colegas homens. Quero também a igualdade na avaliação de nossos erros por parte de todos aqueles que geralmente são mais tolerantes com "eles" do que com "elas". Quero trocar também as homenagens ao heroísmo com que suportamos as injustiças por mais justiça em minha vida e na vida de todas as mulheres.  Agradeço o carinho sincero de tod@s nesse dia, mas prefiro assim.