sábado, 16 de julho de 2011

Um gesto

...um gesto pressupõe intenções, ações, atitudes, palavras,pensamentos, sentimentos.

O que quero

  Quero o primor construído pela delicadeza do gesto.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Marcha das Vadias no Rio de Janeiro – Por que marchamos?

Carta Manifesto

No Rio de Janeiro, marchamos porque apenas nos primeiros três meses desse

ano foram 1.246 casos registrados de mulheres e meninas estupradas, uma

média de quatorze mulheres e meninas estupradas por dia, e sabemos que

ainda há várias mulheres e meninas abusadas cujos casos desconhecemos;

marchamos porque muitas de nós dependemos do precário sistema de

transporte público do Rio de Janeiro, que nos obriga a andar longas

distâncias sem qualquer segurança ou iluminação para proteger as várias

mulheres e meninas que são violentadas ao longo desses caminhos;

marchamos porque foi preciso a criação de vagões femininos no trem e no

metrô para que não fossemos sexualmente assediadas durante o uso desses

transportes.

No  Brasil, marchamos porque aproximadamente 15 mil mulheres são estupradas

por ano, e mesmo assim nossa sociedade acha graça quando um humorista

faz piada sobre estupro, chegando ao cúmulo de dizer que homens que

estupram mulheres feias não merecem cadeia, mas um abraço; marchamos

porque nos colocam rebolativas e caladas como mero pano de fundo em

programas de TV nas tardes de domingo e utilizam nossa imagem semi-nua

para vender cerveja, vendendo a nós mesmas como mero objeto de prazer e

consumo dos homens; marchamos porque vivemos em uma cultura patriarcal

que aciona diversos dispositivos para reprimir a sexualidade da mulher,

nos dividindo em “santas” e “putas”, e muitas mulheres que denunciam

estupro são acusadas de terem procurado a violência pela forma como se

comportam ou pela forma como estavam vestidas; marchamos porque a mesma

sociedade que explora a publicização de nossos corpos voltada ao prazer

masculino se escandaliza quando mostramos o seio em público para

amamentar nossas filhas e filhos; marchamos porque durante séculos as

mulheres negras escravizadas foram estupradas pelos senhores, porque

hoje empregadas domésticas são estupradas pelos patrões e porque todas

as mulheres, de todas as idades e classes sociais, sofreram ou sofrerão

algum tipo de violência ao longo da vida, seja simbólica, psicológica,

física ou sexual.

No mundo, marchamos porque desde muito novas somos ensinadas a sentir

culpa e vergonha pela expressão de nossa sexualidade e a temer que

homens invadam nossos corpos sem o nosso consentimento; marchamos porque

muitas de nós somos responsabilizadas pela possibilidade de sermos

estupradas, quando são os homens que deveriam ser ensinados a não

estuprar; marchamos porque mulheres lésbicas de vários países sofrem o

chamado “estupro corretivo” por parte de homens que se acham no direito

de puni-las para corrigir o que consideram um desvio sexual; marchamos

porque ontem um pai abusou sexualmente de uma filha, porque hoje um

marido violentou a esposa e, nesse momento, várias mulheres e meninas

estão tendo seus corpos invadidos por homens aos quais elas não deram

permissão para fazê-lo, e todas choramos porque sentimos que não podemos

fazer nada por nossas irmãs agredidas e mortas diariamente. Mas

podemos.

Já fomos chamadas de vadias porque usamos roupas curtas, já fomos chamadas

de vadias porque transamos antes do casamento, já fomos chamadas de

vadias por simplesmente dizer “não” a um homem, já fomos chamadas de

vadias porque levantamos o tom de voz em uma discussão, já fomos

chamadas de vadias porque andamos sozinhas à noite e fomos estupradas,

já fomos chamadas de vadias porque ficamos bêbadas e sofremos estupro

enquanto estávamos inconscientes, por um ou vários homens ao mesmo

tempo, já fomos chamadas de vadias quando torturadas e curradas durante a

Ditadura Militar. Já fomos e somos diariamente chamadas de vadias

apenas porque somos MULHERES.

Mas, hoje, marchamos para dizer que não aceitaremos palavras e ações

utilizadas para nos agredir enquanto mulheres. Se, na nossa sociedade

machista, algumas são consideradas vadias, TODAS NÓS SOMOS VADIAS. E

somos todas santas, e somos todas fortes, e somos todas livres! Somos

livres de rótulos, de estereótipos e de qualquer tentativa de opressão masculina à nossa vida,

à nossa sexualidade e aos nossos corpos.

Estar no comando de nossa vida sexual não significa que estamos nos abrindo

para uma expectativa de violência, e por isso somos solidárias a todas

as mulheres estupradas em qualquer circunstância, porque tiveram seus

corpos invadidos, porque foram agredidas e humilhadas, tiveram sua

dignidade destroçada e muitas vezes foram culpadas por isso. O direito a

uma vida livre de violência é um dos direitos mais básicos de toda

mulher, e é pela garantia desse direito fundamental que marchamos hoje e

marcharemos até que todas sejamos livres.



Somos todas as mulheres do mundo! Mães, filhas,

avós, putas, santas, vadias…todas merecemos respeito!

Para ver mais:
http://marchadasvadiasrio.blogspot.com/

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Hoje

"Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver."
                                                                 (Tenzin Gyatso, 14º Dalai Lama)



segunda-feira, 13 de junho de 2011

Eu também vou....


São tantas as razões pra ir.
Da conciência e do coração.
Estruturais e conjunturais.
Politicas e poéticas.
Particulares , individuais e coletivas.
Por mim, por eles, por elas, por nós que aqui estamos, pelos que já se foram e os que virão. 

Quem ainda não se inspirou, dê uma olhadinha nessas noticias e com certeza encontrará um bom motivo pra ir também:

http://altino.blogspot.com/2011/06/epm-experts.html

http://www.ac24horas.com/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=18452:que-filme-e-este-que-chocou-parlamentares-da-aleac&catid=13:acre&Itemid=112

http://www.clam.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UserActiveTemplate=_BR&infoid=8204&sid=4


http://www.youtube.com/watch?v=mdY64TdriJk&feature=player_embedded

http://danielzendoacre.blogspot.com/2011/06/polemica-sobre-o-kit-anti-homofobia-no.html

http://cineclubeopinioes.blogspot.com/2011/06/carta-de-repudio.html

Não somos uma organização. Não somos um partido. Não somos virtuais.


Somos uma rede. Somos REAIS. Conectados, abertos, interdependentes, transversais, digitais e de carne e osso.

Não temos cartilhas. Não temos armas, nem ódio.

Não respondemos à autoridades reacionárias. Respondemos aos nossos sonhos, nossas consciências e corações.

Temos poucas certezas. E uma crença: de que a liberdade é uma obra em eterna construção.

E que a liberdade de expressão é o chão onde todas as outras liberdades serão erguidas.

De credo, de assembléia, de amor, de posições políticas, de expressão cultural, de orientações sexuais, de cognição, de ir e vir... e de resistir. E é por isso que convocamos qualquer um que tenha uma razão para marchar, que se junte a nós para a primeira  Marcha da Liberdade de Expressão e Direitos Humanos.

Estudantes e professores... marchem pela qualidade da educação, ambientalistas... gritem pelas florestas, artistas de rua... tragam instrumentos, vegetarianos... falem em nome dos animais, gays... tragam sua bandeira do arco-íris, devotos de crenças diversas... compartilhem seus ideais, filósofos... dividam seus pensamentos. Venham todos, a pé, de bicicleta, de skate, patins, perna de pau... como quiserem. Somos todos cadeirantes, pedestres, motoristas, estudantes, trabalhadores! Somos todos idosos, negros, travestis, indígenas, seringueiros... Somos todos nordestinos, nortistas, brasileiros, bolivianos, peruanos, acreanos, cidadãos e... Somos livres!

Em casa, somos poucos.

Juntos, somos todos. E essa cidade é nossa!

"...Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda..."     Cecília Meireles

Saída às 9 horas, sábado, dia 18 de junho de 2011 em frente do Sebrae na Rua Rio Grande do Sul - Centro .



domingo, 5 de junho de 2011

Aforismos


Os escritores e poetas criam aforismos. Eu também crio os meus:

Liberdade não é fazer o que se quer, mas o que não nos escraviza.

Democracia é uma utopia.

Entre ser socialista ou capitalista, social-democrata ou neo-liberal, comunista ou fascista melhor ser poeta.

Para Marx a luta de classes é motor da história, para mim, se existe um motor único é o amor.


Eu e o Mundo


Eu estava lendo um texto do livro: “Linguagem e educação depois de Babel” de Jorge Larrosa da parte intitulada Ensaios Eróticos – Experiência e paixão. O autor começa o texto com uma citação de Franz Kafka que diz: “No combate entre você e o mundo, prefira o mundo.” Quando o professor começou sua defesa da idéia de Kafka nada me ocorreu, mas depois começou a brotar em minha mente outro texto: Entre eu e o mundo prefiro o conflito.  A priori parece estranho. Pareceu-me incomodo pensar nessa preferência ao conflito. Logo eu que sempre me interessei tanto pela paz. Durante toda minha vida ‘movi montanhas’ para alcançá-la. Já abordei esse tema outra vez aqui no blog. Mas acredito que não fui muito clara onde queria chegar. E hoje com essa frase consegui aprofundar um pouco o assunto para mim e quero compartilhar aqui. Quando penso um pouco mais no assunto percebo que a pacificação muitas vezes realizada não passa de uma negação das diferenças por sermos incapazes de lidar com elas, de aceita-las. Isso, portanto, não é a paz, mas a negação dela. Por isso que parto agora em defesa do conflito como o caminho necessário para construí-la. Quando defendemos o direito a diferença, quando valorizamos a diferença é quase inevitável que ocorram conflitos. Os conflitos passam a ser apaziguados quando descobrimos a riqueza extraordinária da diferença. Mas a diferença nos faz solitários numa certa medida.  E isso assusta. Queremos ser iguais para nos sentirmos pertencendo então deixamos nossas diferenças esquecidas, as negamos e aliviamos nossa sensação de solidão. Mas então vem a maturidade (não a dos anos, mas a dos processos) e só então encontramos a tão buscada paz dos encontros entre os diferentes.