sexta-feira, 4 de junho de 2010

Tempo

Houve um tempo em que eu escrevia poesia. Em 1991 escrevi esta:

Ah! tempo...
Te ver fluindo pelos dedos
como água cristalina e corrente.
Te ganhar,
te sentir perdido.
Te esperar
como se espera o natal.
Te planejar.
Te desperdiçar.
Ser tua dona,,
ser tua escrava.
Te perder sem querer viver
ou te viver perdendo?
Te odiar por me submeteres.
Te amar por me prometeres.
Cansar por não te ver passar.
Sonhar que pudesses parar em algum momento....
e ser eterna,
ou então...viver só um momento.
Ah! tempo...
Sonho em te domar....
Como se pudesse domar o vento.
 
    

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Afinal, o que querem as mulheres ???

Blog de malu53 :'Contos e Sonhos', Rei Arthur - O que querem as mulheres?A

O jovem Rei Arthur foi surpreendido pelo monarca do reino vizinho enquanto caçava furtivamente num bosque. O Rei poderia tê-lo matado no ato, pois era o castigo para quem violasse as leis da propriedade, contudo se comoveu ante a juventude e a simpatia de Arthur e lhe ofereceu a liberdade, desde que no prazo de um ano trouxesse a resposta a uma pergunta difícil. 

A pergunta era: O que querem as mulheres? Semelhante pergunta deixaria perplexo até o mais sábio, e ao jovem Arthur lhe pareceu impossível de respondê-la. 

Contudo aquilo era melhor do que a morte, de modo que regressou a seu reino e começou a interrogar as pessoas: a princesa, a rainha, as prostitutas, os monges, os sábios, o bobo da corte, em suma, a todos e ninguém soube dar uma resposta convincente. 

Porém todos o aconselharam a consultar a velha bruxa, porque somente ela saberia a resposta. O preço seria alto, já que a velha bruxa era famosa em todo o reino pelo exorbitante preço cobrado pelos seus serviços. 

Chegou o último dia do ano acordado e Arthur não teve mais remédio senão recorrer a feiticeira. Ela aceitou dar-lhe uma resposta satisfatória, com uma condição: primeiro aceitaria o preço. Ela queria casar-se com Gawain, o cavaleiro mais nobre da mesa redonda e o mais intimo amigo do Rei Arthur! 

O jovem Arthur a olhou horrorizado: era feíssima, tinha um só dente, desprendia um fedor que causava náuseas até a um cachorro, fazia ruídos obscenos... nunca havia topado com uma criatura tão repugnante. 

Acovardou-se diante da perspectiva de pedir a um amigo de toda a sua vida para assumir essa carga terrível. 

Não obstante, ao inteirar-se do pacto proposto, Gawain afirmou que não era um sacrifício excessivo em troca da vida de seu melhor amigo e a preservação da Mesa Redonda. 

Anunciadas as bodas, a velha bruxa, com sua sabedoria infernal, disse: O que realmente as mulheres querem é Serem Soberanas de suas próprias vidas!! 

Todos souberam no mesmo instante que a feiticeira havia dito uma grande verdade e que o jovem Rei Arthur estaria salvo. 

Assim foi, ao ouvir a resposta, o monarca vizinho lhe devolveu a liberdade. Porém que bodas tristes foram aquelas.....toda a corte assistiu e ninguém sentiu mais desgarrado entre o alívio e a angústia, que o próprio Arthur. Gawain, se mostrou cortês, gentil e respeitoso. 

A velha bruxa usou de seus piores hábitos, comeu sem usar talheres, emitiu ruídos e um mau cheiro espantoso. Chegou a noite de núpcias. 

Quando Gawain, já preparado para ir para a cama, aguardava sua esposa, ela apareceu como a mais linda e charmosa mulher que um homem poderia imaginar! Gawain ficou estupefato e lhe perguntou o que havia acontecido. 

A jovem lhe respondeu com um sorriso doce, que como havia sido cortês com ela, a metade do tempo se apresentaria horrível e outra metade com o aspecto de uma linda donzela. 

Então ela lhe perguntou qual ele preferiria para o dia e qual para a noite. Que pergunta cruel...Gawain se apressou em fazer cálculos... 

Poderia ter uma jovem adorável durante o dia para exibir a seus amigos e a noite na privacidade de seu quarto uma bruxa espantosa ou quem sabe ter de dia uma bruxa e uma jovem linda nos momentos íntimos de sua vida conjugal. 

Vocês, o que teriam preferido? ... O que teriam escolhido?????A escolha que fez Gawain está, mais adiante, porém, antes tome a sua decisão. ATENÇÃO É MUITO IMPORTANTE QUE VOCÊ SEJA SINCERO.

O nobre Gawain respondeu que a deixaria escolher por si mesma. Ao ouvir a resposta, ela anunciou que seria uma linda jovem de dia e de noite, porque ele a havia respeitado e permitido ser SOBERANA DE SUA PRÓPRIA VIDA. 

MORAL DA HISTÓRIA... Não importa se a mulher é bonita ou feia ... no fundo ela é sempre uma bruxa ou uma fada... ela se transformará de acordo com a forma que você a tratar...

terça-feira, 18 de maio de 2010

18 de Maio: dia de enfrentamento ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes

   O primeiro passo dessa luta é entender a diferença entre abuso e exploração sexual. Porquê? Porque como todo problema social exige um entendimento preciso para uma interveção também precisa.
    Quando se fala em abuso refere-se à todas as violências sexuais que uma criança ou adolescente sofre no ambiente familiar, escolar e comunitário e que não envolve a exploração comercial. Já quando se fala em exploração sexual estamos falando do que antigamente era chamada de prostituição infantil.  Não se trata de uma mera questão de  terminologia. Crianças e  adolecentes  não se prostituem pois tal fato só ocorreria como opção, escolha consciente, o que não é o caso. Crianças e adolescentes em fase peculiar de desenvolvimente (como é preceito do ECA) não estão  aptas ou preparadas a decidir ou escolher à respeito de tal assunto.
     Outro aspecto a entender à respeito dessa questão é que nesses casos existem tanto a violência interpessoal , como a violência social e estrutural que vitima crianças e adolescentes. Para cada uma dessas situações as intervenções também são diferentes.
    Em geral busca-se a a criminalização do agressor numa  situação de violência interpessoal, mas pouco se fala das outras intervenções tão necessárias que sem elas a revitimização sempre acaba ocorrendo ou a prevenção não ocorre.
     O atendimento às crianças e adolescentes bem como às suas familias é tão importante como a criminalização dos agressores, pois reduz a revitimização e as sequelas. Ela precisa ser feita com qualidade.
   Quando se fala em exploração sexual, as intervenções adiquirem outros sentidos. Os grupos sociais vulneráveis à esse tipo de violência precisam de politicas públicas diversas que diminuam suas vulnerabilidades. Questões sócio-econômicas, culturais, étnicas e raciais são fatores que contribuem com essa vulnerabilização. Toda intervenção que fortaleça a identidade desses grupos, contribui previnindo essas situações. Familias, grupos e comunidades que recuperam ou preservam a ética do cuidado e que são socialmente valorizados não diminuem 'seu preço' na luta pela sobrevivência, expondo filhos e filhas (muitas vezes vendendo mesmo) aos grupos não tão éticos assim (turistas, elite mal resolvida na sua sexualidade e que prefere compar sexo com crianças e adolescentes à tratar seus desvios, aliciadores, dentre outros).
     A interveção integral seja na prevenção ou no tratamento dos casos ocorridos deve ser uma meta a ser alcançada por todos que querem contribuir com a solução desse problema. Faça sua parte.       
  

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Contradição


Maçã de lata
Livro de prata
Tesoura de algodão.
No mundo a contradição
Que a arte retrata.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Não resistir ao novo é....

Dentre outras coisas:

1 - O comando de greve  e os professores  reconhecerem a luta do governo e dos gestores da educação e todas as inovações por ele construída nos últimos anos;

2 - O comando de greve, os professores, o governo e os gestores da educação pararem de competir em torno de um discurso competente ( uma 'boa imagem) para bem passar junto à população ( muitas vezes tentando manipula-la). Ambos terem uma postura ética com a população;


3 - Ter uma postura ética é:
                                            O governo não negar o direito legítimo à greve dos professores e não desconsiderar suas legítimas reivindicações tentando convecer a população e manipula-la contra os grevistas;

                                            Os grevistas não jogarem a população contra o governo como se este não estivesse lutando por melhorias na educação;

4 -  O governo parar de contabilizar os feitos e contabilizar também o que falta fazer (que é mmmuuuiito) bem como seu potencial de realização e levar tudo para a mesa de negociação;

terça-feira, 11 de maio de 2010

Por que tanta resistência ao novo??

De nada adianta o discurso competente
  se a ação pedagógica é impermeável
                          à mudanças.
                         (Freire,1999)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A moça tecelã

Lendo esse conto de  Marina Colasanti perdi alguns medos de viver.

Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.

Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.
Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.

Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos  do algodão  mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.

Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.

Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.

Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranqüila.

Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.

Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponto dos sapatos, quando bateram à porta.

Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida.

Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.

E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.

— Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.

Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente.

— Para que ter casa, se podemos ter palácio? — perguntou. Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata.


Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.

Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.

— É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!

Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.

Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.
Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins.  Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela.
A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e, espantado, olhou em volta.  Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.
Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.